quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Get a gripe

Segundo algumas estimativas*, a gripe espanhola matou entre 2,5 e 5% da população da época. Vejam bem: da população do mundo. Isso corresponde aproximadamente a vários milhões de pessoas morrendo por semana. De gripe. Para felicidade de muitos e desapego daqueles que esperam que novas desgraças em grande escala controlem o crescimento populacional, a tendência é que a gripe seja cada vez menos mortífera. Ao menos é o que dizem, com base na teoria da seleção natural [oh não, ele está falando disso de novo]: vírus que matam seus hospedeiros rapidamente acabam morrendo junto; vírus que são mais incômodo e menos ameaça conseguem se disseminar mais e perpetuar a espécie. (Espécie? Vírus tem espécie?)

Tudo isso vem à mente porque lembro de começar a me recuperar da minha tradicional gripe de Natal como se fosse ontem. De fato, foi hoje – e é por isso que não me lembro como se fosse semana passada. Sejamos justos: na verdade, é a minha tradicional gripe de fim de ano, que acabou coincidindo com o Natal para fechar um 2007 mágico. Embora, a certa altura, achara ter me confundido e contraído ebola por engano.

Hique: infelizmente, eu não estava em condições de ir à casa do André no domingo; espero que alguém tenha se encarregado de alimentar os rumores sobre minha vida pessoal. A dor de cabeça (que começou na loja do Guga) espalhou-se pelo corpo e assumiu formas inimagináveis, como dor de maxilar. Agora que tudo está melhorando, porém, quero aproveitar esta época especial, que é o período que segue o pedido de demissão.

* Vocês já sabem de onde tirei: spanish flu

domingo, 11 de novembro de 2007

Sobre os direitos humanos da grama

"Favor não pisar na grama obrigado", dizia a plaquinha. Quis colocar outra, respondendo: "Não tema, ninguém me obriga. Piso livremente."

Sou muito chato com pontuações. Não acho que todo mundo deva saber e seguir todas as regrinhas, nem gosto da idéia de impô-las* como cabrestos. O problema, para mim, é justamente o contrário: as pessoas acabam com medo de usar errado e pontuam de menos. Talvez por medo de quebrar essas coisas que só a elite sabe usar. Eu pontuo à revelia, esbanjo; mas reciclo. Nenhum sinal gráfico vai ao lixo; atulho todos, na menor das escritas. E ai de quem disser que estou me passando! Antes pecar pelo excesso. (Confesso, porém, que estico as frases o quanto puder antes de ceder ao ponto final. Mas estou trabalhando nisso.)

Consultei a Wikipédia para saber o que tem a dizer sobre o assunto. Horror. Quanta desinformação. Parênteses limitados à informação acessória? Pois claramente são usados também para avisar ao interlocutor que você tem algo mais a dizer – mas segura aquela outra idéia, que já volta. Ou para pensar alto. Ou ocultar informação (com eficácia duvidosa). Colchetes são "utilizados na linguagem científica"? SÓ ISSO?! É óbvio que a grande graça dos colchetes é abrigar conversas paralelas com a mesma pessoa, quando os parênteses já estiverem ocupados. Ou para comentários realmente abstratos/off-topic, mas não tão transcendentais quanto os reservados às chaves. [Fico muito sentido com a Wikipédia por não incluir as chaves na relação básica.]

E que desgraça de "meia-risca" é essa?

Enfim: quando criança, sempre achei que colocavam as placas de "não pise" por respeito à grama e às plantinhas, para coibir maltratos. Para que as pessoas não interferissem na natureza (deixando-a sossegada para crescer no seu cercadinho?). Às vezes, sinto falta de ser ingênuo.

* Ênclise, sim, me causa arrepios.

sábado, 3 de novembro de 2007

Lazy posts: my favorites

Os 'favoritos' me servem como recurso de memória auxiliar. Por padrão, saio favoritando qualquer coisa interessante que sei que vou esquecer em breve. Depois de alguns anos, tenho uma boa coleção de links quebrados e nomes que não reconheço mais, então pensei em organizar a minha memória. Eis o problema: eu começo a seguir os links e me perco lendo e relendo coisas. Mal consegui passar da parte dos blogs. Com a compensação de encontrar algumas pérolas:

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Diablo Swing Orchestra

"Não sei o que é não... mas o "The Butcher's Ballroom" é mais ou menos jazz com rock com flamenco com metal (progressivo? gótico? sinfônico?) com swing com canto lírico."
[Blog da Moun]

Parecia muito com o tipo de coisa que eu gostaria de ouvir. Tem um quê de Naked City, mas é um pouco menos avant-garde. O que é algo bom. Enfim, tem amostras no MySpace, avaliem vocês mesmos.

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Mossoró mobilizada para sediar jogos da Copa

"Lá no estrangeiro eu mostrei pra todo mundo, do porteiro do hotel ao dono da Fifa, que Mossoró tem tudo para ser sede de alguns jogos [da Copa 2014]. A pedra fundamental do estádio Capitão João Maria Cristina Poços (Poção) já foi fincada no bairro (antiga invasão) Reino de Etérnia, e promete ser o mais moderno dos três hemisfério", comentou Verdurinha, que em bom tempo lembrou da simpatia com que foi recebido na cidade suíça. "Num é pra menos, já que por lá eles chamam Zurique de a Mossoró européia devido o alto grau de avanço daquela cidade".
[Ressaca Moral]

Reino de Etérnia é um nome lindo, bem próximo da lógica usada para nomear bairros aqui na Wasteland.

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Hello, my head is coming out of a giant vagina.

"Yes, everyone thinks it looks like you have a giant vagina around your neck. It sounds hotter on paper than it actually is. I'm sure a man invented this style, because it's damn near impossible to think of a combination of heads and vaginas that isn't rad, but this shirt is proof that even an idea as inherently cool as giant vaginas and heads coming out of them can be made lame."
[The Best Page in the Universe]

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Espontaneamente, lembrei do magnífico maior endereço alfabético de e-mail do mundo.

"É tão comprido que...
... alguns formulários da Web são incapazes de reconhecer.
... alguns programas de leitura de e-mail se recusam a configurar.
... dá trabalho a quem for digitar seu endereço de e-mail.
... empresas vão achar que é falso (e não enviarão spam).
E é DE GRAÇA!"


Ainda no ar. (1) Pessoas realmente usam ou (2) alguém está disposto a pagar só para manter a piada online há anos.
"Your user name must contain at least 3 characters." Ah, coé, eu quero saber o limite máximo!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Cocó?

Estava ouvindo DR Netradio hoje. Acho que o nome já estragou a surpresa, mas lá vai: é uma rádio online. Ouço ela já faz... um dia. O que o nome não entrega tão claramente é a origem dinamarquesa. (Como todas as rádios da Dinamarca, conta com comerciais em línguas alienígenas, o que entretém por si só.)

Após acompanhar o canal DR World tempo o bastante para descobrir que um terço da world music relevante aos dinamarqueses é feita no Brasil, encontrei a seguinte jóia:

Piejo Kury Piejo

[Ficarei devendo maiores detalhes porque todos os que encontro estão escritos em gibberish nórdico. Como vocês perceberão, o link é de um "vídeo" hospedado no YouTube, que considero indigno de incorporar aqui porque não tem imagem, só áudio. E eu sou um cara conservador nesse ponto; essa história de "vídeo sem vídeo" é moderna demais para mim.]

Por favor, atentem para o solo de cacarejo a partir de 2:37, é lindo. Pensei seriamente em isolar e usar como campainha do celular. Fica difícil entender como demorou tanto para que alguém percebesse o potencial musical das galinhas. Ademais, temos um poético refrão que exprime toda a influência da música brasileira: "Nenhum guri quer, meu maiô vou botar..."

Fora isso, não é uma música especialmente engraçada. O efeito é maior quando você esbarra nela por acidente e aumenta o som para que todos no trabalho possam ouvir.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A nova ordem

Gosto de maçã com canela, mas não estava botando fé nesses novos milkshakes do Bob's. Francamente: podendo escolher entre esse e o de Ovomaltine...! Soa ridículo. Resolvi provar mesmo assim, e dou meu aval*. Talvez esteja com 107% do nível de doçura desejável, mas nada que não possa ser corrigido com o tempo. O genial foi terem preservado a crocância característica do Ovomaltine, aquele estado misto parte sólido, parte líquido, parte "vamos brincar com a comida". Não fossem esses flocos, seria trivial, comparável à vaca preta. Ainda assim, banana caramelada está além do meu limite, por enquanto.

Mas o que realmente me deixou abalado foi o seguinte: milkshake grande, que tem 700ml, custa R$ 7,00. A um centavo o ml, você pode acreditar estar fazendo um bom negócio, até lembrar que um pote de dois litros da Kibon, que naturalmente tem dois litros, sai em promoção por R$ 10,00. Mesmo fora de época, não passa de R$ 14,90 – o que dá entre 0,5 e 0,745 centavos por ml, no máximo. Não sei quanto está custando o Ovomaltine, mas qualquer pessoa minimamente enjambradora fica tentada a repetir a fórmula do Bob's em casa. Ou inventar novas, após adquirir alguma confiança (digamos: vaca preta de napolitano com Pepsi Twist). Enfim: caso ocorra uma guerra que seletivamente destrua todas as instâncias do Bob's no planeta, a raça humana não estará completamente perdida, pois há esperança de continuar fazendo de forma caseira o clássico milkshake que redime a cadeia de fast-junk. Mas e o pó mágico sabor maçã com canela? Onde vamos arranjar isso, qual país tem essas reservas?

A perspectiva da guerra é mesmo algo aterrorizante.

* Hique, esquece. "Avalmaltine" não vai colar.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Trânsito, carrinho e gráficas: a contraposição das escolhas na... ah, ok, eu estou enrolando, não sabia que título colocar. Felizes?

Nesta segunda, começou a trabalhar na recepção a guria mais bonita que já vi na vida. Incluindo TV, revistas, filmes, devaneios. Sério. Até porque todas essas atrizes e modelos ficam maravilhosas por conta de maquiadores profissionais, e pós-produção, e discordianos. Quero ver andarem na rua com maquiagem trivial e continuarem sendo as mais bonitas do mundo. Sério, não estou exagerando, é sério! Todos os homens lá no trabalho estão inquietos. Não dá para descrevê-la, só mostrando foto. Posso tentar conseguir uma.

"Oi, já voltou do almoço? O que você... ei! Que 'click' foi esse? Veio daqui... olha só, alguém esqueceu em cima da mesa essa câmera com o timer acionado. Pode deixar que eu levo e descubro de quem é."

Na sexta, o chefe tinha vindo com um papo de não ficar abutreando a nova secretária só porque era bonita. "Que absurdo", pensei, "como se fôssemos crianças!" Logo que cheguei para a labuta hoje, um colega já avisou que as emoções seriam intensas. Quanta bobagem. Pois, quando fui ver a guria, até me baixou a pressão. Bambearam as pernas. Rapaz. Sério.

"Mas que babaca, vai ficar agora falando só porque a guria é bonita!" Olha, não é que eu esteja apaixonado ou algo assim. Deve ser algum mecanismo interno masculino, o mesmo que rege a gentileza na faixa de pedestres. Se vocês nunca repararam, funciona assim:

Homem dirigindo; você, homem, tentando atravessar a rua na faixa: corra como se sua vida dependesse disso, porque depende. O motorista não vai dar arrego. Se quem está tentando atravessar é uma mulher feia, a dificuldade é menor: o motorista pára, mas faz carranca para apressar a travessia. A próxima categoria de preferência são velhinhas e pessoas com problemas motores: o motorista pára e ao menos finge paciência, sob pena de ser considerado um bárbaro pelos demais. Mulher com criança vem em seguida, e ainda mais regalias têm as mulheres com carrinho de bebê. (Se você é mulher e quer caminhar tranqüila em meio ao transito da cidade, leve um carrinho, mesmo que com um bebê falso dentro*.) Agora, se você é uma mulher bonita, está no ápice da escala de respeito ao pedestre. Pode andar de olhos fechados que não há perigo. O trânsito pára, literalmente. (Considerando motoristas do sexo masculino.) Talvez mulheres grávidas recebam respeito semelhante, mas sem a mesma reverência.

Agora, fatos: mulher bonita vai te dar bola porque você parou para ela atravessar na faixa? Não. Aliás, ela vai sequer olhar para você? Não. Acenar? Fora de questão. Buzinar conta pontos? Improvável. Resumo: você não vai pegar mulher no trânsito, deixe de ser babaca. Mas, por mais lógico que seja isso, mulheres bonitas deixam os homens bobos, é infalível.

Enfim... a guria, brincando, poderia ser modelo, mas ela quer arriscar tudo pelo sonho de ser recepcionista numa gráfica pequena; respeito e admiro isso. Estava já decidido a largar o emprego, mas vou ficar um pouco mais só para poder vê-la. Digo, para poder ver o exemplo de alguém seguindo seus sonhos. (Isso, essa é a desculpa oficial.)

* Tomando como base trânsito e bebês falsos típicos de Floripa. Não me responsabilizo por danos provenientes da aplicação destas observações em outras localidades.

domingo, 14 de outubro de 2007

Arte moderna

Estava eu numa empolgante operação de backup no trabalho. Meus computadores ocupados, e não podia sair invadindo os dos outros. Sabem essas pessoas que rabiscam em qualquer papel quando estão distraídas ao telefone? Eu não faço isso, não rabisco nunca – exceto quando estou deprimido. A última vez que fiz, algumas semanas atrás, ficou assim:

Quando você clica na imagem, ela amplia. Na maioria das vezes.
Recomendo abrir em uma nova janela. Eu faria para você se soubesse como.

Qualquer traço em azul claramente não é meu, deve ser do Gerson; esse foi o primeiro papel que apareceu. E minha letra (essa em preto) não é assim. Exceto quando estou deprimido. E com preguiça.

Como a intenção do artista pode não se mostrar claramente aos leigos, peço licença para fazer uma breve comentário sobre a obra. O críptico traço em preto no canto superior esquerdo, não faço idéia do que seja, já estava lá. Ou talvez eu estivesse testando a caneta. De qualquer forma, tem inegável influência das representações de barbatanas de tubarão pelas tribos polinésias.

As girafas não deram muito certo e ficaram parecidas com cachorros, então desenhei um gato para disfarçar.

O aeroplano dental é reflexo de minhas experimentações na infância, quando tinha brinquedos de menos e lixo demais.

A coxinha atômica, bom... foi um dos primeiros desenhos, veio logo depois do garoto-moeda. Vocês vão ter que me dar um desconto, considerem como aquecimento.

Destaque central para a releitura do clássico da comunicação visual xulaca: o Homem de Porta de Banheiro com Braço na Cabeça. Auto-explicativo, importância inquestionável, homenagem mais do que adequada.

Pássaros e aeronaves são um motivo freqüente, quase sempre marcados pelo invariável preto da caneta... er, preta. E de ponta grossa, então não havia muita opção além de preencher os contornos. Hachuras constituem uma ousadia não recompensada, como mostra o pássaro-mão da mão de muitos dedos do que dois voando.

O fusca é banal e a bolha com olhos nem eu entendo. Resta O Sapateiro. Enigmático. Assim permanecerá.


(Fiquei devendo o clipe de duas cabeças, que desenhei depois de já ter escaneado.)

Obrigado.

domingo, 7 de outubro de 2007

Educação moderna

Privado do ambiente mágico do Angeloni de Capoeiras, resta-me apenas o Giassi aqui perto de casa como fonte de novas histórias fantásticas. Infelizmente, até hoje não presenciei nenhuma.

Ontem, porém, vi uma mulher ralhando com um molequinho para que ficasse dentro do carrinho (desses que ficam embutidos nos carrinhos, eu sei que você sabe qual é). "Se tu saíres daí, vais apanhar! Eu te levo no banheiro e te bato!" Fiquei avaliando os avanços conseguidos pela Psicologia moderna em relação à educação infantil. Poucas décadas atrás, nenhum pai hesitaria em esquentar a bunda de um filho no tapa ao menor sinal de indisciplina. Aparentemente, o padrão mudou. Fazer isso no novo milênio é bárbaro e vergonhoso, por isso os pais agora cultivam a punição física como atividade clandestina. É mais ou menos como um vício que você mantém longe dos olhos dos outros.

Lembro de ter apanhado raríssimas vezes dos meus pais. (E não é por falta de memória, eu realmente lembro da minha infância.) Mas eu tinha um medo danado do meu pai, e não faria nada que merecesse surra. Nem sei porque eu tinha tanto medo, ele nem era bravo; era sério, só. (Alguém pode dizer que é porque eu sou capricorniano e obedeço autoridades e hierarquias. Well, shut up.) Algo no meu pai despertava em mim o temor/"respeito" que as igrejas tradicionais tanto prezam. Esse é o background que me tornou um adulto conformista e manipulável, o cidadão ideal para uma sociedade de consumo sem controle adequado de natalidade.

Ah é, eu sou favorável ao controle de natalidade. Tem muita gente no mundo, é isso que causa violência e poluição. Não me deixo emocionar pelos filmes de ficção futuristas, que mostram situações injustas onde um casal quer ter filhos e não pode. "Algumas famílias são maiores, outras menores. É desumano impor um padrão para todos, é contra o instinto natural." Aqui vai uma regra: se você não conseguir recitar os nomes de todos os seus filhos (legítimos ou não) em 2 segundos, está proibido de ter mais, sob pena de ter seus privilégios cortados. (A interpretação fica à cargo do juiz*.) Uma vantagem adicional desse sistema é que inibiria a escolha de nomes como Robervalésio ou Jorgeuóchintom, o que inegavelmente contribuiria para a evolução da sociedade.

* Quando digo "juiz", refiro-me a um sistema legal rápido e eficaz, à la Juiz Dredd.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Poker face

Ah, sim, desconsiderem. Eu levantei e escrevi o post anterior sonambulamente, para dormir logo em seguida. Praticamente o mesmo que escrever bêbado. (Não estou de forma alguma detratando tal modalidade poética.)

Estava até de bom humor, hoje. Não o bastante para fazer a barba – mas nem discuti com ninguém, vejam só.

(Detalhe: não faço a menor idéia do que eu quis dizer com "poker".)

Poker

Foi assistindo TV que o pensamento me assaltou: eu havia esquecido dela. E junto veio um misto de alívio e aflição; a idéia de que, a partir desse ponto, ela não mais faria parte da minha vida – nem mesmo da imaginária. Tantas vezes estive triste por causa dela, por falta dela... mas agora, não. Estou triste por inúmeras outras coisas. Mas talvez por todas essas coisas é que tenha me distraído e parado de pensar nela, porque foi só lembrar de tê-la esquecido que voltaram todas as lembranças, as boas e as ruins. Será que o único modo de esquecê-la é procurar uma dor maior? Já me convenci que não é a procura de um prazer maior, porque nenhum se compara. Ninguém me transforma como ela. Por ninguém mais eu morreria ou mataria. Não sou dramático nem violento, esse é o efeito que ela causa em mim. A disposição para pagar qualquer preço, para alcançar meus extremos. Sou assim só por ela, por ninguém mais. Meu eu dela: menos eu, com menos controle, menos sossego, porém mais completo, mais complexo.

Isso assusta, porque deixo de pertencer a mim mesmo. E porque não faço idéia se ela sentiria sequer uma fração disso.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Tool, Lateralus (2001): Parabola (video)

Nem sei como descrever esse vídeo. É tanta bizarrice junta que passa do limite aceitável – passa tanto que começa até a fazer sentido. A parte introdutória da música propicia todo um clima de reflexão e seriedade, mas quando o boneco começou a flutuar, eu já estava rindo muito.



[Pois é, algumas partes são bem escuras. Ajudaria se o fundo da página não fosse tão claro, mas no layout do YouTube também fica assim. Paciência.]

Não tenho a mais vaga idéia do que os caras tentaram passar com a animação, ou se tentaram passar alguma coisa, mas a certa altura ela fica serena como a música sugere. (Sugerira, porque agora a bateria já está sendo moída.)

É grande, demora a carregar e a ver, mas você terá no mínimo o consolo de que é bem feitinho, tecnicamente falando. No mínimo. Dá para viajar bastante no simbolismo, mas é possível que aproveite melhor a experiência se não tentar entender com muita força. Não tenha medo, quando começa a ficar perigosamente psicodélico, acaba.

["Sugerira"? Eu hein.]

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Se ainda tiver fôlego, clique neste aqui. O primeiro do Tool que assisti, ainda na época em que as pessoas usavam TVs para ver essas coisas. Foi a lembrança espontânea dele que me fez procurar mais material da banda, poucos meses atrás. Comparado com o de Parabola, o vídeo de Sober é quase didático. (Quase.)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Costumes

Sinto falta de fazer mais coisas cercado de gente. Especialmente coisas que causam vontade de comentar: ver filmes, ouvir música, fingir que cozinho. Mesmo que eu não comente, gosto de ouvir os comentários dos outros.

Se ainda almoçasse sozinho, como fazia até poucos meses atrás, teria perdido os comentários de hoje. TV ligada no telejornal, mostrando um breve resumo do que foi a Parada da Diversidade na Beira Mar: basicamente, pessoas reclamando que isso atrapalhou o trânsito e dificultou o acesso às praias. Como eu não gosto de praia, fodam-se! =D Deixem os coloridos pararem tudo por um domingo, vocês têm outros 51 para aproveitar (azar o seu se não fizer sol e calor em todos). Mas curioso mesmo foi a reação de todos no restaurante quando, após algumas cenas do evento, dois caras se beijaram na frente da câmera. Houve todo aquele movimento sincronizado de espinhas contraindo e "uis" de nojo. Eu quase comentei distraído "Pára, gente, isso aí é normal"; naturalmente, não é tão tentador defender o direito de cada um seguir seu rumo quando você está cercado de peões e dondocas. (Parando para pensar, é estranho que um lugar reúna esses dois espécimes simultaneamente.)

Foi a primeira vez que me dei conta de que acho normal. Creio que acostumei – por superexposição, mesmo. De ver em filmes, e em festas com pessoas estranhas, e de tanto me dizerem que é normal. Parece normal. Não que não devesse parecer normal, sei lá. Ou talvez não devesse. Enfim. Não fui criado para achar normal, e agora acho. Não necessariamente bom ou desejável; apenas normal, como a violência urbana, a alternância dos movimentos artísticos ou o desencanto pela política. Talvez parte do objetivo da parada seja justamente essa superexposição, obrigar as pessoas a ver o negócio de perto até que comecem a achar normal (ou tolerável, o que já seria bastante coisa em muitos casos).

Tudo bem que, vendo dois caras se agarrando ao vivo, ainda é difícil conter um certo asco, mais ou menos como ao ver alguém mordendo uma cebola. Mas eu aceito a idéia de um mundo onde as pessoas sejam livres para morder cebolas.

Em tempo: às vezes me pego lendo coisas como essa e imaginando se chegaremos ao ponto em que tudo seja "normal".

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Imposto sobre Consciência

A carga tributária média brasileira é quanto mesmo? 40%, algo assim, não? Estava pensando: o dízimo recolhido por certas religiões (centésimo, no caso da igreja católica – ao menos, aqui na roça) é baseado no valor bruto ou líquido? Se for na renda nominal, antes de descontar os impostos, parece-me irregular.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Too funky fer me self

Ontem recebi a seguinte mensagem no celular:

Bomdia meu tigrao.voce.quer.'pao ou .meu.pombao antes do feriado?bejos me lig q.te.pas um numero

Conheço mulheres estranhas, uma ou outra deve ter o meu número. Não me vem à mente, porém, alguma que escreva bobagens de maneira tão funkeira. Prefiro mulheres que escrevam bobagens de forma clara – melhor ainda: artística. Só pode ser alguma pegadinha para clonar celular. (Parece estranho clonar um plano pré-pago, mas enfim... as pessoas fazem coisas incompreensíveis, como assistir Zorra Total.)

E é impressão minha ou "me liga que te passo um número" não faz nenhum sentido? Ou não era isso que estava escrito? Seria esta a última parte da mensagem secreta do Golf e do pão?

sábado, 1 de setembro de 2007

Entusiastas

Dedicado à S!

Se eu pudesse realmente escolher o que quero ser, seria entusiasta. Diferente do expert, que honra o compromisso profissional de saber tudo o que sabe, o entusiasta sabe porque gosta. A simples junção de "compromisso" e "profissional" na mesma sentença deve ser o bastante para convencer alguém de que os dias de um expert são chatos: em vez de trabalhar apenas com sua especialidade, algo que gostaria muito de fazer, precisa distorcê-la e adaptá-la para tornar-se profissionalmente (e, provavelmente, comercialmente) viável. O expert é um vendido.

O entusiasta tem a seu favor a informalidade, mas conservando ainda o respeito das pessoas à sua volta – que é o que importa, afinal: eu não preciso do respeito dos chineses1. Os amadores, por sua vez, até ganham a simpatia de parentes e amigos, mas nem com estes têm credibilidade. Você não chamaria um amador para resolver um problema ou responder uma pergunta complexa. O amador é uma curiosidade.

E temos o profissional regular. Este é o mais desprezível de todos: faz o que faz pelo dinheiro, não há sequer garantias de que goste do que faz. Se o expert é o vendido, o profissional é a versão pirata: funcional, mas duvidoso na melhor das hipóteses. As pessoas só confiam nele porque há algum documento afirmando que é confiável. Você acaba tendo que confiar também em quem fez tal documento, e na forma como foi adquirido. É muita confiança para pouca confiabilidade.

Com tudo isso esclarecido, basta achar um jeito de ganhar dinheiro e permanecer entusiasta.

Exemplos: O Hique é um fotógrafo entusiasta. Eu sou um tipógrafo amador. O Sagaz é um expert em design de jogos. O marketing é uma atividade estritamente profissional2.

1 Por favor, gente, eu amo os chineses! De forma alguma penso mal deles, foram os primeiros que me vieram à cabeça simplesmente porque moram longe. Sério. Poderiam ser os japoneses também, ou qualquer um que você encontre depois de cavar para baixo até o outro lado do globo.

Tudo bem, "amo" foi um exagero.

2 Gostaria de registrar aqui meu testamento informal, apenas por garantia, e deixar tudo para minha irmã. Ah, e eu quero ser cremado, mas não deixem a Cassi tomar parte disso.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Fruto das conversas

Estava dia desses pensando em alguma coisa quando subitamente o assunto mudou para "mutantes". Não sei porquê, essas guinadas simplesmente acontecem. Os mutantes são a solução mágica para aqueles momentos em que você precisa explicar alguma parte inconsistente do enredo, mas não pode recorrer a vampiros – como se mutações fossem sempre coisas legais e extraordinárias1. Pois bem: vamos partir da hipótese de que você não é um fanático que vai espernear e parar de ler assim que Darwin for citado. (Aliás, a teoria da seleção natural nem é a minha favorita; estou apenas partindo da idéia mais aceita pelos cientistas.) Mutações seriam desvios relativamente pequenos em relação ao padrão de algum organismo – o que infelizmente exclui a habilidade de lançar lasers pelos olhos. Mutações que favoreçam a sobrevivência dos seus portadores seriam gradualmente inseridas numa população como o novo padrão, desde que sua origem fosse genética e transferível aos descendentes.

Gostaria de interromper para apresentar a minha teoria favorita da evolução das coisas: todas as espécies possíveis existiram simultaneamente em pelo menos algum porto da história. Incluindo girafas com pescoço ligeiramente mais curto, aquelas de pescoço médio e as infelizes que eram alvo de piada dos machos de pescoço longo. Fósseis das "etapas intermediárias", como aqueles cavalinhos pequenininhos, seriam apenas os restos normais de uma espécie normal que vivia na mesma época dos cavalos normais, e não antes destes e depois dos cavalos microscópicos. Os cavalinhos pequenininhos não conseguiram sobreviver como espécie porque uma pedra caiu na cabeça deles. Quase todas as espécies que não existem hoje deixaram de existir porque uma pedra caiu na cabeça delas. Incluindo os peixes. Com exceção da parte das pedras, minha teoria é perfeitamente razoável e não contraria diretamente nem as crenças religiosas nem as evidências paleontológicas, o que comprova que é a melhor teoria.

Obrigado. Continuando, o ponto-chave da evolução darwiniana é a reprodução, uma vez que a mutação se estabelece como nova norma através da substituição gradual dos membros da população padrão. Mutações que favoreçam a sobrevivência contribuiriam indiretamente para a reprodução, mas percebam: mutações que favoreçam a reprodução contribuiriam diretamente para... bom, para a reprodução. (O final da frase não foi uma grande surpresa.) Um mutante com características reprodutivas mais favoráveis que a média semearia sua mutação com mais facilidade que os outros mutantes. Parece seguro assumir que esses super-reprodutores constituiriam o novo padrão após o tempo médio que leva para uma mutação constituir padrão, sei lá quanto tempo é, e níveis ainda mais avançados de eficiência reprodutiva seriam alcançados com o aparecimento de novos super-reprodutores com características cada vez mais favoráveis. Resumindo: bichos bons em fazer sexo virariam a regra da espécie porque se reproduzem através do que fazem melhor. O objetivo final da evolução dos seres sexuados seria, portanto, criar máquinas de sexo. Olhando por esse ângulo, os seres humanos parecem estar no caminho certo. Não posso deixar de imaginar, porém, como seria se os humanos não se reproduzissem através do sexo e sim por outro meio como, digamos, conversas sobre o sentido da vida. O mundo estaria hoje repleto de seres muito capazes de conversar sobre o sentido da vida.

1 Não estou de forma alguma defendendo vampiros como coisas legais e extraordinárias. Muito pelo contrário. E o contrário de "legais" e "extraordinários" é "chatos" e "figurantes". O contrário de "legais" não é "piratas", porque os piratas são legais – assim como os ninja, os zumbis e os robôs.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Inflamável

Às vezes eu explodo, mas raramente. Pouca gente sabe, pouca gente viu. Passei todos os anos de faculdade sem nenhuma ocorrência, então quem me conhece dessa época não sabe. Ao menos, não viu. Nos tempos de escola técnica, era mais impulsivo, mais explosivo. Achei que isso estava indo embora, mas já não sei mais. E essa é a minha justificativa: eu sou assim.

Sentia-me ótimo na segunda-feira. O domingo foi preguiçoso; na noite de sexta, havia me divertido com amigos. (Não lembro do sábado, mas lembrar dois de três dias já é lucro.) Era uma segunda-feira de bom humor. Era uma segunda-feira depois de dois anos de aporrinhações, porém – não que isso faça parecer menos inadequado, agora. Dois anos de pessoas cobrando de mim o que elas mesmas deveriam estar fazendo, dois anos me sentindo metade bode espiatório, metade soldado desconhecido. Dois anos sendo o único que nunca tinha tempo livre para bater papo – ou descansar os braços, talvez? Dois anos em que metade das pessoas me procuraram querendo soluções ou respostas que não me cabiam, e tendo que me entender com a outra metade sempre que cedia à primeira. Olhando o cenário geral, não era uma segunda-feira tão boa, afinal. Essa é mais ou menos a minha desculpa.

Lá estava eu, quietinho. Não calado, engraçadinho até; estava de bom humor. Vieram me pedir uma solução. Coisas precisavam ser feitas, e alguém tinha que dar o primeiro empurrãozinho. "Não eu, você sabe a quem cabe isso." Mas a pessoa não estava lá. Que mal faria se eu decidisse por ela? "Eu não tenho autoridade, não tenho autonomia para isso." Não era grande coisa, só era necessário dar uma resposta. "Não posso, não sei! Você sabe a quem perguntar!" Mas a pessoa não estava lá. "PORRA, façam! Façam essa merda, façam o que quiserem! Eu não ligo! Mas paguem do seu dinheiro se der errado, lasquem os ouvidos vocês, depois! Por que me envolver nisso? Não sou gerente, não sou supervisor, eu sou a porra de um empregado low-level; se o gerente não sabe o que fazer, não sou eu quem vai saber!"

Em minha defesa, tive a delicadeza de explodir em tom moderado, para não alarmar os clientes na reunião ao lado. Ainda assim, alarmei o interlocutor; ficou sem muita reação, depois disse que eu estava louco. Eu sou louco, todo eles são. Só porque nunca havia explodido, não deveriam supor que nunca aconteceria. E explodiria de novo se fosse preciso, pois dois minutos depois meu humor estava renovado. Acho que é o único comportamento errático que me permito: descarregar a pressão interna nos outros e depois agir como se nada tivesse ocorrido. Eu gosto de explodir, e justamente por isso venho me policiando há anos. É como um vício que você tenta domar.

Dei-me conta de que havia agido de modo descabido quando reencontrei essa pessoa pouco depois. É justamente meu melhor amigo lá dentro, um dos que estiveram comigo na sexta-feira anterior. Não me olhava nos olhos; quando muito, olhava vagamente na minha direção. E eu não sou o tipo de pessoa que intimida olhares alheios, sou sempre o primeiro a evitar o contato. E ele é justamente o tipo de pessoa que intimida e vasculha a sua alma até você ceder, mas claramente não fazia idéia do que estava acontecendo agora. Não sei se ele estava envergonhado ou furioso ou magoado; não sei vasculhar almas.

Pedi-lhe desculpas depois, mas sou realmente terrível para me desculpar. Não gosto, não sei; causa-me agonia pensar no que dizer. Não por orgulho, simplesmente não sei medir essas coisas. Não consigo perceber se estou exagerando ou se estou subestimando os sentimentos dos outros. Acabo sempre agindo como se tivesse cometido um erro mortal – e como se pede desculpas por isso? Fui adestrado para não errar, e principalmente para não errar de forma tão grosseira.

Ninguém pode ser tão incapaz? Pois comecei assim: "Não vou te pedir desculpas pelas coisas que disse, mas você não merece que eu fale do jeito que falei." Digam-me, que desgraça foi essa? No lugar dele, eu teria devolvido um soco; ele foi educado o bastante para fingir que o pedido era suficiente. Eu queria realmente dizer tudo o que havia dito antes, e vou recusar exploração daqui em diante, mas eu disse para a pessoa errada. Ele não é o problema, é justamente uma das pessoas que tornam o lugar suportável. Eu estava fazendo várias coisas que não se faz a um amigo; pelo resto do dia, era eu quem não conseguia olhar diretamente. Estou cada vez mais convencido que não sei lidar com mais de uma pessoa de cada vez, correndo o risco de misturar as coisas.

Hoje ele estava agindo como se nada tivesse acontecido. Eu deveria tentar me explicar, mas não sei como. Vou acabar fingindo que nada aconteceu e que tudo se resolveu sozinho. Justamente o que odeio que façam comigo; as coisas nunca se resolvem sozinhas.

domingo, 12 de agosto de 2007

Same old shit, new crappy suit

Estava lendo um artigo sobre álbuns conceituais e, a certa altura, o Scorpions foi citado com seu lançamento de 2007, Humanity - Hour I. Scorpions? Ainda existe? Digo: eles insistem nisso? Enfim, é domingo, ainda estou de pijamas, não é exatamente o ponto mais produtivo da semana; segui o link para ouvir amostras das novas músicas.

Para quem não lembra do Scorpions, eles são aquela banda cuja maior contribuição para a música foi ficar ao redor do Michael Schenker. Eles também são conhecidos por ter como vocalista um alemão fanho como uma foca. Finalmente, o Scorpions serviu de inspiração para o nascimento de inúmeras entidades voltadas à realização de eventos, como a Scorpions Eventos (destaque para a linda apresentação do website, especialmente o nome espelhado dentro do escorpião) e a Banda Scorpions (porque adicionar "Banda" ao nome é modo mais inteligente de evitar um processo judicial – não que a prioridade dos artistas europeus em geral seja processar bandas de baile de Araranguá/SC).

Se você estiver disposto a baixar Humanity - Hour I para analisar com cuidado o atual estado de evolução do Scorpions, o problema é seu. Eu me limitei a ouvir as amostras do site e já foi muito. Em minha avaliação de 7 minutos, pude constatar que (1) Klaus Meine está menos fanho, o que é o mínimo que ele poderia fazer e (2) eles não têm o menor escrúpulo em tentar explorar o filão do "rock moderno", incluindo bases de metal e um leve toque de canguru music. Alguém por favor ouça a faixa 321 e me diga que é uma música do Scorpions, e não uma tentativa de emplacar nas mesmas rádios que o Three Days Grace. O que é deprimente (para eles; eu não ligo a mínima), porque eles certamente não vão conseguir. É o mesmo caso do Metallica querendo ganhar dinheiro com nu metal, sendo que existem milhares de bandas mais novas (entenda-se: com mais fôlego e mais contato com o público predominantemente teen), mais honestas* e menos chatas.

Diretamente da página com as amostras, podemos extrair a seguinte pérola (tradução livre):

"[Os membros do] SCORPIONS, a mais bem-sucedida [*cof* defina 'sucesso'] exportação musical alemã, estão posicionados para 'picar' mais uma vez e planejam um ataque frontal na artéria musical [como é que é?] de fãs de rock ao redor do globo com seu novo álbum, HUMANITY - HOUR I. 35 anos depois do lançamento de seu álbum de estréia, LONESOME CROW, [Os membros do] SCORPIONS acreditam que tenham atingido um novo pico criativo [*cof-cof-cof*, aah!, morte] em sua impressionante [*cof*] carreira."

Quero crer que isso foi escrito pelo estagiário e que a banda nem chegou a ler o texto do website. (Segundo a lenda, não seria a primeira vez que estariam boiando em algum assunto menor relacionado à banda.)

Buscando no Google mais informações para esculachar o Scorpions de forma consistente, encontrei um tal álbum Unbreakable (2004) que já seguia a mesma linha musical de engordar a aposentadoria fazendo o mesmo que todo mundo está fazendo na MTV. Aparentemente, fez sucesso com os fãs da fase clássica, sob o argumento de ser melhor que o lixo produzido nos anos anteriores [citation needed].

* Pois está claro que o Metallica não é uma banda de honest metal.

domingo, 29 de julho de 2007

Reino do Prejuízo

Alguém nos vende Brinquedos™ em um desenho animado fajuto
Alguém nos vende Carros™ no último filme de James Bond™, em breve nos cinemas
Alguém nos vende Modas™ através de uma estrela de TV
Alguém nos vende a Si Mesmo™ em um reality show que passa dos limites

Vida™ à venda!

Alguém poderia por favor me explicar o que aconteceu? Digo, primeiro pagamos por fast-food que nos deixa gordos e cansados. Depois pagamos por elevadores, para que não precisemos subir os três lances de escada até nossos apartamentos. Aí compramos essas bizarras máquinas Stairmaster™ para queimar calorias enquanto assistimos alguém fazendo comida de verdade na TV. Se isso tudo não faz de nós vencedores, não sei o que fará. Aposto que nos enforcaríamos se o mundo nos desse uma folga. E agora você acha que talvez deva ver um psiquiatra que o faça sentir-se vivo de novo – bom plano! Basta dizer a quem temos que pagar.

[...]

Bem-vindo ao planeta Terra™
Por favor, não nos pergunte quanto ele vale
Você perceberá que o mundo que encontrou
Está ligeiramente usado
Alguém nos vendeu cada uma das manchas
Se você quiser reclamar
Há uma espaço aberto às 18h
É quando o Cáucaso está ouvindo

[...]

Perceba, tudo não passa de uma questão de tempo e escolha. A fast-food nos permite um almoço rápido o bastante para ser espremido exatamente no tempo que quisermos. Os elevadores economizam um pouco mais de tempo, a Stairmaster™ permite escolher exatamente quando subir escadas. Tempo é algo muito importante atualmente, está se tornando uma doença. Acho que, de certa forma, é mesmo, já que vai nos matar ocasionalmente. Com todo o tempo e dinheiro que acumulamos aos custo dos outros, é de se supor que a entrada para o Inferno seja realmente cara. Por algum motivo, é importante ser o primeiro da fila.

Alguém nos vende Deus™, promoção leve-2-pague-1 com Culpa™
Alguém nos vende Guerra™ e o marketing parece ser o mesmo
Alguém nos vende Medo™ na TV todos os dias
Um formato para cada gosto; se o sabor for o certo, pagamos alegremente

Tudo à venda, tudo à venda, estamos todos à venda

Bem-vindo à única Terra™
Por favor, aproveite seu único nascimento
Você aprenderá a tomar mais do que doa
Comprando cicatrizes com as quais terá que viver
Alguém nos vendeu cada cicatriz
De alguma forma, elas fazem de nós o que somos
Todos queremos aquele espaço às 18h
Mas ninguém está realmente ouvindo

[...]

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Pain of Salvation, Scarsick (2007): Kingdom of Loss

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Syriana (2005)

Lembro de como tive vontade de assistir Syriana - A Indústria do Petróleo tão logo li a sinopse. CIA, maquinações políticas ianques e todo o jogo de interesses acerca do petróleo alheio. Pois o maldito chegou e saiu sem deixar rastros, deve ter ficado uns dois dias em cartaz por aqui. (Figurativamente, lógico... nem sei se alguém se deu ao trabalho de pendurar o cartaz.) Usando uma de minhas superhabilidades mais famosas, esqueci o filme poucas semanas depois e sequer vi quando chegou às locadoras. Assisti hoje, na HBO. Todos amamos a HBO. Levantem, palmas para a HBO! Good.

Como é bom esperar tanto tempo por uma coisa e saborear a satisfação de alcançá-la! Não é o caso aqui: Syriana é uma merda*. A impressão que tive é que o grande objetivo do filme foi fazer um apanhado de todas as características do Oriente Médio que o público ocidental acharia peculiares e criar um cirquinho costurado com uma história rabiscada num guardanapo de bar. Todos os "fatos" são óbvios e superficiais. Toda a "trama" se baseia na manjada fórmula de apresentar personagens/situações aparentemente desconexos e surpreender o espectador no final. Com uma pequena inovação: no final, personagens/situações permanecem desconexos, salvo uma ou outra intersecção irrelevante que não diz nada. "Ah, eles quiseram dizer que tudo está interligado, que a responsabilidade é partilhada!" Não quiseram não.

O grande mérito do filme é o Oscar de melhor ator coadjuvante conferido ao Batman. Certamente a academia estava com poucas opções nessa categoria em 2005, até porque o Plantão Médico ganhou o prêmio mesmo sendo protagonista. Ele não atuou mal, vá lá; foi bastante correto. Mas isso também pode ser dito do Talentoso Ripley e do outro guri que ainda não fez personagens o bastante para ganhar um apelido.

Por ser tão básico em seu tratamento do assunto, o filme serviria no máximo como obra didática introdutória para exibição em escolas. Falharia em capturar a atenção dos estudantes, porém, uma vez que é longo, chato e não tem cenas de sexo. Não tem sequer insinuações de sexo. O mais próximo que chega disso são dois caras jogando futebol num campo de areia, conversando sobre o Homem-Aranha. Não me entendam mal, isso é até um ponto positivo quando quase qualquer outro filme precisa ter cenas de sexo, invariavelmente: (1) idealizado se vem da grande indústria, (2) visceral se independente. Estava apenas lembrando do que me fazia prestar atenção a um filme quando estava na escola.

* Haha! Estou rindo porque imaginei que o Hique estará rindo exatamente nesta parte. Ok, o filme não é tão ruim; é que não quis desperdiçar o efeito dramático da frase.

domingo, 15 de julho de 2007

Gagá

Comprei uma dessas lasanhas para quem não sabe o que fazer. Dessas que basta pôr no forno; coloquei às 19:30.

Às 20:30 estava pronta. Tirei do forno e fui comer em frente à TV. Estava passando aquele filme sobre o Larry Flint com aquele ator moderadamente legal. Às 22:00 começou Celebrity Poker Showdown, às 22:30 fui à cozinha pegar um café.

Foi aí que lembrei de desligar o forno.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Estranhos perigos

Roberto: Oi! Boa noite! Não abra o portão, não chega muito perto ainda, eu posso ser um ladrão!

Michel: ?

Roberto: Posso falar contigo? Olha, eu moro no sul da ilha, se quiser eu te dou referências, sem problemas. Eu te dou o número da minha casa, tu podes ligar e confirmar tudo...

Michel: Pois não? Do que você precisa?

Roberto: É rapidinho, viu? Eu vou te explicar. Eu estava viajando, peguei carona com um caminhoneiro, ele me deixou ali na BR. Olha, eu sei que é muito chato mesmo, se tu não quiseres me ajudar, tudo bem, eu vou entender, só não me manda embora ainda...

Michel: Tem como encurtar um pouco a história?

Roberto: Pois é, eu estava vindo lá de Curitiba, desde lá sem dinheiro, e...

Nessa hora, apontei no sentido da rua.

Roberto: Não, calma, é rapidinho!

Michel: Você se importa de me contar a história caminhando?

E andamos em direção ao ponto de ônibus. Desde o começo não achei que ele fosse um ladrão; estava mais bem vestido do que eu costumo me apresentar ao trabalho. E também era mais eloqüente do que eu sou no trabalho. E ele era igualzinho ao comandante Tucker da Enterprise. Como alguém poderia parecer mais confiável do que isso?

No caminho, ele elucidou alguns detalhes de sua vida que, sinceramente, não consigo imaginar porque alguém contaria a estranhos. O pai dele foi assassinado há dois anos pela madrasta, se lembro direito, para evitar que ele passasse alguns bens para o nome de outra pessoa. Algo assim. O Roberto foi intimado a testemunhar mas não compareceu; assim, a justiça expediu um mandado de prisão preventiva para tomar o testemunho na marra. "Eles te prendem de qualquer jeito, sabe? Mesmo que tu não tenhas cometido crime. Até esclarecer e resolver tudo dá trabalho." Talvez ele estivesse tentando justificar porque não tinha um trabalho no momento, mas ei! Relaxa. Quando estou tentando convencer alguém de que não sou ladrão, eu também começo a falar sobre os assassinatos em que minha família se envolveu e sobre o meu histórico com a polícia.

Ofereci uma nota de cinco.

Roberto: Olha, R$ 4,20 é tudo que eu preciso pra chegar em casa. Me empresta o bastante para ir até o Centro, lá eu me viro.

Michel: Relaxa.

Eu não estava com saco de contar moeda no escuro, e queria me despedir logo para pegar o mercado ainda aberto. Já me imaginei algumas vezes nessa situação: estar em um lugar que não faço muita idéia de onde fica, sem dinheiro ou telefone. O caso dele era um pouco pior, pois passava de dez da noite. A primeira coisa que me contou quando começamos a caminhar foi que 'o meu vizinho lá adiante' o havia maltratado como se fosse o cão e ameaçou chamar a polícia, por isso começou falando comigo daquele jeito. Imagina, chamar a polícia para levar o comandante Tucker!

Enfim, era o tipo de situação em que eu odiaria mortalmente estar, então nem hesitei em dar o dinheiro. Mas, pela reação, é possível que o dinheiro em si tivesse tanto valor quanto a própria disposição em ajudar. Cinco reais não é muito dinheiro. Digo: R$ 4,20 para chegar em casa de ônibus certamente é um roubo; I blame The Eye of Angela and the Darionopolis Project for that. Mas ele falava como se o mais improvável de tudo fosse conseguir todo o dinheiro necessário de uma pessoa só.

Roberto: Sabes onde fica o Espetinho de Ouro, em Barreiros? [Sei lá se era esse mesmo o nome.]

Michel: Não muito.

Roberto: É que... eu vou estar lá no dia 15 agora, fazendo um bico. Se tu quiseres aparecer lá, eu te devolvo esse dinheiro.

Michel: Relaxa, não esquenta não.

Roberto: Ou eu posso levar na tua casa depois, eu sei onde tu moras.

Foi exatamente nesse momento que minha espinha gelou. Alguém estava dizendo que queria ir à minha casa. Peraí. Eu confiei em você, eu te ajudei, você não tem nenhum motivo para ameaçar ir à minha casa! Odeio gente na minha casa, odeio parentes na minha casa. Só aceito pessoas realmente próximas lá. E certamente, com convite.

Michel: Cara, RELAXA, não precisa. [No total, eu devo tê-lo mandado relaxar umas quatro vezes em três minutos de conversa.]

Fiz menção de que tinha que ir. Ele apertou a minha mão com vontade e agradeceu. Mostrei a ele onde ficava o ponto de ônibus e corri em direção ao mercado. Temi que ele estivesse pensando em virar meu amigo.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Deus versus Tóquio

Outra noite – mais para 'outra semana' – tive um sonho estranho. Na verdade, sonhos tenho todas as noites, e são sempre estranhos; mas este é especial. Porque já esqueci todos os outros e só sobrou este para comentar, então vai ele mesmo.

Tudo começa com um indivíduo indeterminado (sério, não era eu; era um figurante qualquer) que queria conseguir um favor para o filho. (Não lembro o que era, um emprego ou uma vaga de algum tipo.) Ele resolveu ignorar todos os intermediários e pedir direto ao cabeça: Deus. Quer dizer, ele não poderia fazer isso diretamente, porque esse mínimo de lógica o meu sonho tinha, mas ele queria entrar em contato com Deus de alguma forma para interceder no caso e conceder a graça. Pois bem; ele escreveu uma carta, em leve tom de chantagem, traçando paralelos entre o filho dele e a filha de Deus – que era famosa, como uma pop star, porque Deus conhecia gente importante e tinha mexido uns pauzinhos para conseguir um contrato numa boa gravadora. Parece que o sujeito conhecia alguns segredos da moça e, se o filho dele não recebesse uma forcinha divina, vazaria tudo pra imprensa e a coisa ia feder. O tipo de coisa com que Deus se preocupa no seu dia-a-dia transcedental.

Curiosamente funcionou, mas não como o indivíduo indeterminado previra. No dia seguinte, YHVH em pessoa estava na Terra, puto, chutando carros e quebrando prédios. Deus era assim: igualzinho ao Edin1, mas com 30 metros de altura e disparando raios pelos olhos. Ainda que se comportasse como um monstro destruidor de Tóquio, Deus era perfeitamente capaz de pensamento racional, embora não fosse razoável ou sociável. Mais ou menos como algumas mulheres na TPM.

Diante da destruição inevitável levada a cabo pelo Criador enfurecido, algumas pessoas tentavam encontrar meios para evitar a aniquilação do planeta. Eis que alguém veio com uma teoria de que Deus, na verdade, não seria a entidade máxima do Universo, e que ele respondia a um superior da mesma forma como respondemos a ele. [Algo muito Ao-like.2] Da mesma forma como Deus era fruto da mente humana, vingativo e inflexível porque os homens assim haviam determinado, nós poderíamos imaginar seu superior, e fazê-lo de forma a garantir a paz e a segurança de todos. Ou seja: imaginar uma entidade pacífica e inofensiva que fizesse com que Deus parasse a destruição. Alguém achou que um beija-flor seria perfeito para a tarefa.

O sonho meio que acabou assim, a parte legal mesmo era a da destruição massiva. Infelizmente não tenho vídeos disso para mostrar. Lembro que, ainda dormindo, pensei "Uau, essa história é genial! Eu deveria escrever um livro, muito melhor do que a idéia do capim!"

[Sei que ainda estava dormindo quando pensei isso porque tudo sempre parece genial, fácil e óbvio. Depois de acordado, fica claro que a história é um lixo.]

1 Tentei achar uma foto do Edin na Internet, mas só veio esse video. Eu ia tirar um screenshot, mas como tem a transformação do Daileon, a bela expressão facial do Satan Goss (basicamente movimentos com a testa... ?) e toda aquela Física fantástica que só ocorre no Japão, resolvi colocar o link para o vídeo mesmo.

2 Aliás, esse artigo, que consultei depois, cita a existência de um ser superior a Ao. Nem sabia que tinha isso, mas no sonho também falaram de uma hierarquia composta de três camadas, com Deus na mais baixa. Weird.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Desnecessário trocadilho adicional

Olha o que eu achei na Net:

Buck Fush

O site chama de cartoons, mas está mais para fotonovelas de um quadro só – todas sobre o boneco favorito da América.


– Saddam teve o que mereceu. Qualquer líder que mate milhares de inocentes através de guerras enganosas deveria ser enforcado.
– Georgie... acho que você deveria reformular essa frase.


– Prestenção: estamos falando sobre a cura do câncer e você continua resmungando "mais matança no Iraque".


– Olha só, Congresso... vocês me aceitaram como Procurador Geral mesmo sabendo que fui um advogado da Enron, o maior contribuinte do Bush. E agora vocês estão surpresos porque despedi alguém por motivos políticos? Quanto da fita eu tenho que voltar proceis entenderem a história?

Estou com muita preguiça de confirmar mas, pelo que entendi, qualquer um faz os quadros e manda para o site escolher e publicar. Inclusive, eu mesmo fiz um, de humor refinado e totalmente válido:

"I'm an ass!"

(Esse é o momento em que alguém exclama "Mas que merda é essa, isso não é um post de verdade!" Bom, agora já foi.)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Click-click

Eis uma letra que tem muita relação com o post anterior: Bullet with a Name (Nonpoint, 2005).

Para mim, fala lindamente sobre sociedade de consumo e a violência lógica e inevitável que a acompanha (embora eles tentem fazer parecer que não é assim). FNORD

Como estou on the mood, a tradução (como sempre, livre) vai de graça para vocês – mas sempre lembrando que a versão original é naturalmente melhor e mais clara.

Bala com um Nome

Minhas intenções estão dispostas para todos verem
Sem remorso pelos sentimentos que trazem
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Porque a causa de tudo, a hesitação que você acredita ver
É, na verdade, preparação para a resistência*
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Veja todos assistindo e formando seu julgamento
Sobre cada pequeno movimento, cada decisão minha
Como posso ser um indivíduo com o peso do mundo,
Com oito planetas mais a conquistar?
E com tudo acontecendo, disparos estalando
E pessoas correndo em todas as direções
Com as mãos ao alto, rezando para o fim do drama
Flagro minhas mãos procurando dinheiro para gastar

O preço das coisas que preciso
Aumenta a cada dia
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
O modo como trabalho tanto pelas coisas
Que simplesmente tiram de mim
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Trabalho mais que cem mulas lá do México
Sem água, sem nuvens, sem sombra
Mais quente que o Inferno, sem sineta de almoço
Forno vazio de novo, por mais uma opinião ruim
Quer dizer: quem não quer
Carros, dinheiro, fama, atenção
Bares, agrados, jogos, atenção, estrelas?
Engraçado como dizemos que não precisamos
Para logo virar as costas e tentar conseguir tudo

Tudo que dizem sobre mim
E tudo que me fazem precisar
Não é nada quando estão me tomando tudo
Todos que tentam dificultar
E todos que dizem que nunca conseguirei
Não são mais que um nome na bala que miro


* Não faço muita idéia do que exatamente querem dizer na frase original, então inventei qualquer coisa.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Currently feeling: like shit

O que deveríamos estar buscando?
Responda: (1) como indivíduo e (2) como sociedade.

(1) Meu trabalho está aliviando o bastante para me dar tempo de conversar com pessoas e vasculhar a Internet. Nessas ocasiões, surge a pequena coceirinha que logo crescerá e se tornará uma linda sensação de inutilidade – provavelmente uma reação natural e passageira ao período imediatamente anterior, cuja palavra de ordem era produtividade. Ainda assim, a coceirinha nunca some de todo.

Tempo extra para conversar e vasculhar é também tempo extra para pensar e, quanto mais penso, mais me convenço de que meu trabalho não muda nada. As semanas passam tão rápido que não há mais como diferenciar os dias; são todos o mesmo. Recebi hoje uma caixa de bombons; ainda lembro do agrado da Páscoa passada (e se EU lembro de algo, é porque realmente faz pouco tempo, mesmo que relativamente). Um ano, e meu trabalho não mudou nada, eu não mudei nada no meu trabalho, nada mudou nada em nada. É assim mesmo? Ou eu deveria estar buscando mais, mudando mais, fazendo mais diferença? O que estou fazendo agora parece muito pequeno, a vida não pode ser só isso. O que, então, deveria estar buscando?

Deveria estar ajudando pessoas, fazendo coisas, coisas que importam, coisas que marcam, coisas que mudam as coisas? Deveria fazer diferença, me destacar por algo, ser um modelo, imitado, seguido? É isso mesmo? Deveria me aperfeiçoar, buscar reconhecimento, ser um eu melhor, enfim: deveria buscar eliminar a coceirinha? De que isso ajuda? Isso ME ajuda, mas não muda mais nada; só muda a mim mesmo, me torna o que acho que deveria ser, me dá argumentos para defender minha existência, mas ela não deixa de ser mesquinha e egocêntrica. Para resolver o mundo, basta resolver a mim mesmo? De forma isolada? Isso ainda parece muito pequeno, a vida ainda não pode ser sobre isso.

Há quem seja notável e fundamental para a sociedade que conhecemos sem sequer se dar conta disso. Leonardo da Vinci teria imaginado a influência que exerceria nos séculos que seguiram sua morte? Albert Einstein teria concebido a revolução que suas idéias e teorias causariam? E, e... quem mais citar? É difícil julgar/comparar personalidades de tal magnitude, e quase impossível elevar-se ao mesmo patamar. Afetar a vida de incontáveis pessoas de forma tão básica, redefinir a sociedade. E para quê? Para tornar as coisas melhores para os bilhões que não buscam nada, não mudam nada, não fazem diferença alguma? De que vale isso, impulsionar aqueles que abandonarão o impulso? Ainda parece pequeno, efetivamente não muda nada e, de fato, soa mais deprimente que as opções anteriores: é a conivência com a mediocridade.

O que deveríamos estar fazendo, então? Combatendo a mediocridade? Promovendo o aperfeiçoamento coletivo? Revolucionando a sociedade de dentro para fora? Isso é grande demais para uma vida! Do pequeno, se passa ao muito grande sem meio termo, sem real opção. Não há nada a buscar, então? É ISSO?

[Ah sim, meu humor está terrível hoje. Click-click.]

(2) Deixar o indivíduo em paz.

terça-feira, 3 de abril de 2007

+ valores + furiosos

Existe curso de batismo para quem vai apadrinhar1 pessoas. "Curso"; na verdade, uma tarde na Igreja. Achei que seria uma oportunidade de lembrar um pouco dos tempos de infância, quando freqüentava a missa sem questionar muito, quando as coisas pareciam fáceis e certas. Achei que seria até nostálgico e familiar. Não foi.

Incrível como os católicos conseguem estar ainda mais intolerantes do que há uns 14 anos. Durante 4 horas e meia, ouvi gente desprezando outras religiões e atacando os homossexuais exaltadamente. Ouvi gente babando de raiva ao bradar contra insinuações acerca de padres "decadentes" (não lembro do termo, não foi bem esse) – hahahaha; também, olha a noção do insinuador! Ouvi gente contrapondo bom senso com dogmas. Não estava exatamente esperando encontrar apologia à drogas e aborto, mas ao menos que alguém percebesse o que é ou não praticável e desejável numa sociedade.

Como eu tinha que passar por aquilo mesmo, tentei trilhar o caminho do meio, falando2 sobre o que vejo de bom no cristianismo: ser um aglomerado de práticas capazes de regular decentemente uma sociedade. "Não matar", por exemplo, parece uma boa regra para manter as coisas organizadas. Naturalmente, você não precisa de uma religião para te dizer que matar gente não é uma forma polida de resolver seus problemas. (Espero que não precise.) Mas se a religião te dá um sentido especial para evitar matar pessoas, creio que alguns potenciais homicidas pensem duas vezes. Mais ou menos da mesma forma que a polícia dá sentido às coisas: estipulando punições. O Novo Testamento até tem regras mais positivas, como "ame todo mundo"; o que é natural, já que Jesus foi um hippie3 dentre os seus. O cristianismo defende vários valores que beneficiam uma sociedade. Valores são legais, todos gostamos de valores. Exceto os coordenadores de grupos de curso de batismo: eles querem é ouvir que as coisas são feitas porque "deus4 é poderoso e único" ou "deus merece a nossa gratidão por ter feito tudo" ou ainda "deus é misterioso e entende o que é melhor para cada um de nós". Isso quando não recomeçam as ameaças.

Enfim, agora tenho um certificado, válido por três anos. Vou tentar apadrinhar o maior número de moleques que conseguir, porque certamente não vou fazer o curso de novo.

Newsflash: o catolicismo agora aceita e abençoa "casais de segunda união", vejam só. Who cares a lot?

1 Não exatamente como os mafiosos fazem.
2 Tinha essa parte para tornar tudo ainda mais interminável: interação forçada.
3 Vejamos: (1) crítica às instituições estabelecidas e aos valores da classe dominante, (2) ideologia da paz e do amor, (3) falar na boa com prostitutas, (4) quebra de paradigmas e busca de novos caminhos, (...)
4 Eu sei que está escrito com 'd' minúsculo. Estou fazendo isso para irritar pessoas.

domingo, 25 de março de 2007

New!

Na segunda passada, veio um new new new guy. Ele entrou no lugar do guy anterior, que não agradou o Big Boss. [Não confundir com o Boss, também chamado M-Boss, ou emBoss, ou eBass, ou Bay Area. De fato, estou inventando tudo isso on-the-fly. Ainda mais fato é que estava com uma vontade tremenda de usar a expressão "on-the-fly" de algum jeito – qualquer jeito.] Enfim, o M-Boss anda com umas idéias de avaliar construtiva e dinamicamente a equipe do nosso setor, de modo a entender melhor como o trabalho está sendo desenvolvido e identificar/evitar novos problemas com algum membro específico. Basicamente, funciona assim: como nós dois somos os únicos hablantes de inglês na parada (masmorra + câmara imperial), a idéia é comentar as bobagens dos outros na língua do George, com liberdade para xingar e fazer piadinhas sem que ninguém mais entenda. E, ocasionalmente, fazer alguma avaliação construtiva.

Mas voltando ao new new new guy: ele parece legal. (Mas o new new guy também parecia legal. Provavelmente eu tenho alguma tendência a achar todo mundo legal.) Ele é igual ao John Travolta, porém aloirado – fato que logo chamou a atenção do Gerson, o encarregado oficial de definir o apelido dos novatos. O nome dele também é Gerson, embora agora seja John. Ou era até o segundo dia, em que todos passaram a chamá-lo de Pica-Pau por conta do penteado. Certamente novos apelidos ainda estão por vir e não há como afirmar agora qual será o definitivo.

Na mesma segunda, comecei a almoçar no restaurante que o Gerson está indo, praticamente na frente da Gráfica; o John também. Lá servem comida de verdade (!), vejam só. Sério, vejam só: perdi uma semana inteira de histórias potenciais no Angeloni. E estou almoçando com outras pessoas (as mesmas, todos os dias! Não faço isso há anos). Tudo ainda está se rearranjando com o John no time. E ainda estou me acostumando com as mesas novas dos computadores. Muita emoção para uma semana.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Laughing Lula, Hiding Bush

Estava escrevendo um post sobre a visita do George. Era cheio de links e comentários e imagens, mas fui à casa do Hique no sábado e acabei não terminando. E no domindo fiquei com preguiça, e na segunda fiquei com preguiça, e na terça fiquei trabalhando até tarde (além de ter ficado com preguiça). Percebo que passou o prazo de validade, mas sempre há tempo para isto:

Jason Reed/Reuters - Folha Online, 2007.03.09
Bush toca instrumento* durante visita à ONG Meninos do Morumbi

São imagens irrelevantes desse calibre que fazem valer a pena receber o Tio Chimp. Enfim. Como o post azedou, fiquem com outro evento espetacular, ocorrido ontem:

Estava andando para o serviço. Do outro lado da rua, veio um rapaz meio arrumado meio careca meio desorientado. Ele me abordou meio sem jeito, perguntando "Você sabe onde fica a livraria?"

Livraria? "Não tem livraria por aqui", pensei. "Livraria? Não tem livraria por aqui", respondi. "Tem uma papelaria, no fim da rua."

O rapaz agradeceu e começou a andar meio apressadamente. Pouco adiante, perguntou algo para uma senhora, envolvendo "xerox". Ou Rolex. Ou Botox. Ao receber a resposta, começou a correr. Foi quando percebi o óbvio: o que eu havia confundido com um inocente rapaz meio perdido não poderia ser outra coisa além de um cyborg movido à informações. Ele não queria livros nem xerox; fazia perguntas para recolher informações, que processava através de meios muito tecnológicos, recarregando assim sua fonte de energia e aumentando sua velocidade.

Espantoso. E eu achando que seria apenas mais uma terça-feira comum sem cyborgs.

* "Instrumento". Está claro que improvisaram na hora um canudo de jornal cheio de arroz e deram para o George brincar. Assim, ele poderia tocar um "instrumento" que não "interferisse" na "música" da "ONG" dos "meninos" que provavelmente sabem usar "aspas" melhor do que eu.

terça-feira, 6 de março de 2007

O senhor dos papéis

Estava escovando os dentes hoje – de novo! que falta de imaginação... eu bem que poderia fazer outras coisas em banheiros públicos, como jogar paciência ou imitar celebridades. Enfim.

Passou atrás de mim (respeitando a distância mínima requerida pelo código dos cavalheiros, naturalmente) o rapaz dos Correios do Angeloni. Um que tem luzes no cabelo e tal, acho até que tem voz fina e é meio viado. Sem preconceito, claro; qualquer um tem o direito de fazer luzes. Passou de um jeito meio apreensivo, jeito de quem não pára nem se encontra o melhor amigo no caminho; foi direto para os aparelhos* no fim da parede. Tão logo chegou ao destino, voltou do jeito que foi, percorrendo todo o caminho – que mede 4 aparelhos e oito pias – visivelmente alterado. Catou uma, duas, três folhas de papel do meu lado (o outro toalheiro deveria estar vazio), quatro, cinco, seis (eu sempre uso a primeira pia, próxima à porta, por motivos lógicos), sete, oito, nove... à certa altura, perdi a conta. Mas ele catou muita toalha. E voltou, agora quase correndo, para refugiar-se no último aparelho. Eu NÃO QUERO saber o que ele foi fazer com as toalhas, fiz questão de não saber, de não olhar, de não ouvir. Aliás, eu praticamente saí correndo na direção oposta. Tive o pressentimento que este era um dos casos em que vou dormir mais facilmente se não souber os detalhes.

* Aqueles arbustos simbólicos de porcelana que o homem criou em algum ponto entre a Idade da Pedra e o pós-modernismo para servir de alvo quando vai despejar água da bexiga.

quinta-feira, 1 de março de 2007

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

(24) No soup

Como o Mês da Renata foi cancelado, não tem surpresa amanhã.
A lição que devemos tirar disso é: quem não tem blog não ganha presente.

What if...

... Michel was a videogame character?


And what about Gui Neves?

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

(23) Conhecimento profundo

Mais uma vez, a Wikipedia confirma-se como fonte número um de conhecimento improvável. Partindo do artigo sobre o filme Cannibal Holocaust repassado pelo Hique, pulei para The 25 Most Controversial Movies Ever (lista publicada pela Entertainment Weekly). Após ler sobre as picuinhas entre Burgess e Kubrick (autores, respectivamente, do original literário Laranja Mecânica e da adaptação para o cinema), cheguei a um curioso parágrafo acerca de Deep Throat (Garganta Profunda), reproduzido abaixo em tradução livre e desimpedida:

"O filme foi produzido por Louis 'Carniceirinho' Peraino (creditado como 'Lou Perry'), e a maior parte do custo de produção de U$22.500 veio de seu pai Anthony Peraino e seu tio Joe 'Baleax' Peraino, ambos membros da Mafia*, mais especificamente da família criminosa Colombo. [Gerard] Damiano [diretor do filme], que tinha direito a um terço dos ganhos, recebeu um pagamento de U$25.000 e foi afastado pelos Peraino assim que o sucesso do filme tornou-se aparente. A Mafia então pressionaria os donos de cinemas, geralmente exigindo 50% de todos os lucros e enviando espiões e 'fiscais' para verificar a quantidade de ingressos vendidos contando os membros da audiência.

As estimativas acerca da renda total variam muito. Uma fonte do FBI sugere U$100 milhões, mas valores tão altos quanto U$600 milhões já foram mencionados, o que faria deste o filme mais rentável de todos os tempos. [...] [Roger] Ebert esclarece que na década de 1970, quando Garganta Profunda foi feito e lançado, a maioria dos cinemas pornô era de propriedade da gentalha**, que provavelmente 'superfaturava os registros de bilheteria como forma de lavagem de dinheiro provindo de drogas e prostituição', então, na verdade, Garganta Profunda nunca gerou realmente um lucro de U$600 milhões, mesmo que esse fosse o total da conta das bilheterias."

* Conforme resolução de 4 de Fevereiro de 2007, este é um post sobre a Renata.
** Por preguiça de achar palavra melhor, fica aqui um termo clássico da infância.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

(22) What if...

... Renata was a videogame character?


And what about Hique?

sábado, 24 de fevereiro de 2007

(21) Funeral (Arcade Fire, 2004)

Deve ser a quarta vez que ouço esse álbum e ainda não captei a moral. Não causou aversão alguma, mas também não despertou grande interesse. Creio que ele pertença àquele limbo pessoal onde são jogadas as coisas que "não faço questão de ouvir, mas pode deixar se já estiver tocando".

Para ser totalmente honesto, Neighborhood #2 (Laika) conta com um instrumento nostálgico legal, mas é isso; todo o resto passa sem deixar marcas no coração.

E isso é aproximadamente tudo o que eu tenho a escrever sobre Funeral. Como sobrou bastante tempo, eu fiz um desenho:

Arcade Fire (Michel, 2007, PAINT)

É uma máquina de arcade. On fire. I'm a genius.

(Hahaha.... só agora me dei conta: percebam como há dois buracos para fichas, mas só um controle. I'm a real genius. Anyway, isso é um problema para o departamento de marketing; eles vão saber o que fazer.)

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

(20) Renata vs TROGDOR!!!

Renata swording Trogdor (2007, Paint, autor desconhecido)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Top 5: Strong Bad e-mails

"Check out all his majesty!" (Strong Bad)

#5 - Geddup noise
Eu boiei de forma brutal, mas a Internet é um oceano de bobagens onde não há vergonha em boiar.

#4 - Redesign
Fangs! O sexto elemento do design!

#3 - Video games
Bônus: quatro aventuras emocionantes após o final do episódio. Não consegui fazer muito no Thy Dungeonman além de die e dance ("Thou shaketh it a little, and if feeleth all right").

#2 - Death metal
"The gift of death metal does not smile on the good looking."

#1 - TRODGOR!!!
O único, o majestoso! The Burninator! Tão clássico que é até desnecessário listar. De fato, chega a ser ofensivo listar.

Menções honrosas:
Techno
New hands
Technology

(19) Semi-repúdio

Fiquei triste por terminar a celebração antes do tempo, então acho que vou escrever mais alguns posts mais ou menos sobre a Renata.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

(18) Recall

Senhoras, senhores; em repúdio à declaração de greve permanente, o Mês da Renata foi cancelado.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

(17) 1000 palavras +1

Florianópolis (CEV) - Uma equipe de 37 comunicadores e expressores visuais, utilizando avançados métodos tecnológicos de restauração (os mesmos aplicados na colorização dos seriados ancestrais do Zorro), divulgou neste sábado a reconstituição da já famosa aparição pública da Renata.

"A parte mais difícil foi entender esse negócio dela estar flutuando", confessou o chefe da equipe, Milton Horn. "Aí a gente resolveu colocar um céu e uma nuvenzinha para ficar bonito", completa.

Os estudiosos não têm a menor idéia do que fazer com a imagem agora.

(Não tem nada para você ler aqui embaixo.)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

(16) Retrato falado

Embora não tenha sido comprovada a legitimidade de nenhuma das supostas fotos da Renata, sua fisionomia já não é de todo um mistério. Tudo graças às descrições de diversos membros da SSSS (Sociedade Secreta dos Stalkers Sapecas), que tornaram possível a elaboração do seguinte retrato falado, largamente divulgado na imprensa:

Não ficou claro o porquê da retratada estar aparentemente suspensa no ar. É possível que se trate de um super-poder e que Renata possa, de fato, voar. Alguns especialistas no assunto, porém, defendem a hipótese de que todas as testemunhas estivessem drogadas no momento da aparição.

(Não há nada de estranho com o horário de postagem nem motivo para suspeitar de qualquer trapaça.)

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

(15) (Querida Renata:)

(Hoje não tem post porque estou com sono e não consigo escrever com sono porque estou com sono. Ou fazer sentido.)

(Amanhã tem post. Acho. Talvez ele seja especial. Talvez não. Provavelmente não. Mas tem.)

(Beijodesliga.)

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

(14) Bongo Fury (Frank Zappa, 1975)

Ao tentar encontrar coisas parecidas com Jethro Tull, eis que Pandora me mostra Frank Zappa; esse foi o segundo sinal de que deveria ouvir Bongo Fury. O primeiro foi ter perguntado à Renata qual álbum do gajo eu deveria procurar e receber este como resposta. Não é uma incrível coincidência? (Não, não é; a música que tocou na Pandora era de algum outro álbum.)

Confesso que tive medo de ser uma coisa estranha que a Isabel ouve. E mais medo ainda já na metade da primeira faixa. Mas não é que o negócio funciona? Não é um "ao vivo" como fui levado a crer depois de algumas resenhas, com todas as coisas comuns que me fazem não gostar de álbuns ao vivo. Está mais para uma encenação musical insana de piadas internas ininterruptas – tanto que clássicos como "White Dog" e "Ven/tu/ruim" poderiam ser facilmente lançados no meio sem destoarem do conjunto. Parte vital da insanidade parece ser o Capitão Beefheart Maringá-like-or-so-it-seems, que gosto de imaginar como um sobrinho fanfarrão do Lemmy. Ou seja: meu receio inicial era claramente infundado, não há nada de estranho em Bongo Fury.

Como é bastante comum no meu jeito de gostar das coisas, as favoritas acabam sendo as mais feijão-com-arroz, como Poofter's Froth Wyoming Plans Ahead, Advance Romance e Muffin Man. Linda letra tem esta última, aliás:

"The muffin man is seated at the table in the laboratory of the utility muffin research kitchen [...]
He turns to us and speaks:
Some people like cupcakes better. I for one care less for them!
[...]

Girl you thought he was a man
But he was a muffin*
He hung around till you found
That he didnt know nuthin"


É divertido ouvir um álbum em que você precisa prestar atenção aos detalhes e à letra em vez de apenas deixar tocando ao fundo (o último que lembro de ter acompanhado assim foi Be). Mais ainda quando é o tipo de coisa que você gostaria de gravar.

* I mean, maybe he was a dragonman?

Ciclo

(Aaah! O mundo parece pesado de novo. Logo agora que o trabalho está acalmando, as amizades voltaram a ser fáceis e a lista de paparicados está um sobrinho maior. Achei que finalmente haveria paz de espírito, mesmo que por puro esgotamento; que poderia voltar a ser eu, ou me conformar de que nunca mais seria. Mas o mundo pesou e os músculos retesaram de novo. Backstab mental total.)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

(13) Serei Nata

No começo, eu era contra. Imagina, cansada de blog! Mas percebi que era egoísmo nosso: se a Renata está de greve, é porque precisa de greve. É muita pressão, vocês vêem? Assédio, expectativas, cobranças; uma hora a coisa acabaria desandando. Melhor mesmo parar enquanto ainda está no topo – desde que volte! Greve não pode ser para sempre.

Vamos ser compreensivos e dar à Renata o espaço que ela precisa, para fazer o que quer fazer, descomprimir, aproveitar o dia, enfim: ter a liberdade de ser Renata.

(Oi? Não não, sai daí, moleque! Ela não quer serenata! Hmm... ou quer? Quais são as reivindicações dessa greve?)

Baseado no trocadilho tradicional xulaco "Ser cretária", de autoria do vento, © 200? CEVen Riders Corp.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

(12) So-BRIII-nho!

Hoje o post da Renata não é sobre a Renata, mas ela vai entender porque eu deixei de escrever para ver meu sobrinho*. Principalmente quando souber que o Mathew tem o incrível superpoder de fazer a maior seqüência de caretas diferentes por minuto. O guri é fantástico, ator nato: vai de uma emoção à outra em segundos. Pude presenciar uma apresentação em que ele fez (1) cara de gente-que-tem-barato-em-olhar-para-a-lâmpada, (2) cara de preguiça extrema, (3) olhar enfadado/blasé, (4) expressão de fúria quase incontida, (5) indignação manhosa e (6) sorriso "peguei você". Minha irmã diz que ele faz isso o tempo todo – exceto quando está dormindo, coisa que faz o tempo todo.

Resumindo: a Renata tem sobrinhos, eu também tenho sobrinhos. Fim.

* Demora bastante meu processo de escrever-ler-corrigir-reler-enfurecer-apagartudo-escreverqualqueroutracoisanolugar, então precisei escolher isso ou sobrinho.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

(11) Deus Ex Parrot

Monty Python é uma das coisas que valem a pena no mundo – hoje eu sei disso. Mas nem sempre foi assim. Quer dizer: Monty Python sempre foi bom, eu é que não sabia, e fiquei sabendo por influência da Renata.

[Este é o momento em que o Hique se sente injustiçado por sempre ter dito que Monty Python era bom e receber como resposta apenas um "Aham" desisteressado.]

"Se a Tuja, the coolest, acha legal", pensei, "é porque deve ser muito legal." Sério, ela virou meu modelo moral para 99% das escolhas envolvendo entretenimento. (1% = MALHAÇÃO.) O primeiro sketch que assisti foi "Ministry of Silly Walks", recomendado pela V.; mas foi a Renata quem lançou a semente que me levou a clicar no link.

"The Dead Parrot" é o meu favorito (humilde opinião de iniciante).

Owner: "There, he moved!"
Mr. Praline: "No, he didn't! That was you pushing the cage!"
Owner: "I did not!"

[Se não me engano, foi repassado pelo Hique. Pronto, pode parar de se sentir injustiçado.]

sábado, 10 de fevereiro de 2007

(10) Dança da vitória

Hoje fiquei muito orgulhoso de mim mesmo.

Tudo começou quando fiz algo idiota e meu PC me puniu, ficando de mal e não iniciando mais. (Essa parte não me deixou tão orgulhoso.) Isso foi ontem à noite e, como sempre acontece quando não consigo resolver algum problema, acordei algumas vezes com uma "idéia brilhante" que não é tão brilhante assim quando se está acordado. (Essas idéias costumam ser baseadas em "ter muito dinheiro para comprar x", o que sempre é facilmente resolvido quando se está sonhando.) Fora a pressão psicológica de não conseguir cumprir a meta de um post por dia. Imagina! Que terríveis conseqüências poderiam advir disso? Porque eu não conseguiria escrever no trabalho. Enfim, já estava praticamente traumatizado: eu tinha falhado com a Renata.

Num lampejo* de inspiração, fiz o que a humanidade tem feito há milênios para resolver todo tipo de problema: tirei a pilha da placa-mãe. Quer dizer, é isso o que a humanidade tem feito, não? História é com a Renata, não comigo. (E nem tirei realmente a pilha, usei um moderno sistema virtual para simular retirada de pilha. Acho.) E tudo deu certo! Meu PC ficou novamente de bom humor e ligou! O Mês da Renata foi salvo! E nem precisei passar vergonha com o técnico novamente por ter feito algo idiota que não sabia consertar! =]

Até comemorei com uma dança da vitória.

Reconstituição da dança da vitória

* "Lampejo"? Que palavra velha.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

(9) Fora de sério

"MALHAÇÃO é tudo, você sabe (sério)." – Renata, 2007

=O

Estou chocado. Tem coisas que não vale a pena saber sobre as pessoas. Estou tão chocado que não conseguirei escrever hoje. (Isso não é desculpa, não é como se eu não soubesse o que escrever e estivesse tentando enrolar. Eu sei totalmente o que escrever sobre a Renata hoje. Só não escrevo porque estou chocado. Sério.)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

(8) Renata #1 do Universo #2

Descobriram a Renata na rua.

figurante478: "Oi, você é a Renata, né?"

Renata: "Como é?"

figurante478: "A Renata, Renata Garatuja! Nossa, que emoção... nunca achei que veria você ao vivo, sabe? Pra ser sincero, nem sabia se você existia mesmo!"

Renata: "Olha, não estou te entendendo, você deve estar me confundindo com alguém..."

figurante478: "Pára! Eu sei tudo sobre você, não estou confundindo não! Ouvi todas as suas bandas favoritas, sei os nomes dos seus sobrinhos, conheço as suas manias, tudo!"

Renata: "Você é maluco, né? Só pode."

figurante478: "Você deve estar achando que eu sou um stalker né? Hahaha! Mas não sou não. Só fiquei muito muito interessado em você depois que comecei a ler o que escreviam naquela página... como era o nome? Página do Capitão Orange, algo assim, não é?"

Renata (saindo pela esquerda): "Então, foi bom falar com você e tal, mas tenho que ir, viu? Não me siga."

figurante478: "Espera, não vai embora ainda! Como é que eu faço pra te ver de novo?"

Renata: "STALKER, STALKER!!"

figurante478: "Ei, não corre não! Olha, eu paro de te seguir... mas, antes, faz a dancinha da Renata pr'eu ver?"

[Isso aconteceu de verdade, não foi inventado. Tá, foi sim. Mas não por mim! Ok, me pegou de novo; eu inventei. Mas no Universo #2 aconteceu, e já já será realidade no #1.]

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

(7) Renata #2 do Universo #1

Curioso que a Renata tenha falado de covers, pois ia comentar justamente sobre a sósia dela que trabalha na Big Pan. Igual. (Quer dizer, a Nata não sai muito facilmente em fotos: as ocorrências são raras e cheias de especulação. Registros fotográficos confiáveis são disputados a tapas por todos os maiores jornais, embora acabem invariavelmente guardados a sete vírgula cinco chaves nas coleções de milionários excêntricos. Ainda assim, pelo que eu vi, achei igual.)

A menina tem o mesmo jeito, a altura necessária (segundo relatos), cabelo curto meio "estou crescendo de novo" e várias outras características tradicionalmente associadas à Renata mítica. Vez ou outra, ela até pára na pose clássica de alguma das imagens aceitas pelas autoridades como retratos fiéis da Lady das Garapas.

Não sei se ela é profissional o bastante para imitar de modo convincente a famosa dancinha da Renata; se for, merece a honraria de "fã número um" com louvor.

2007.02.08 • 01:09h:
Esqueci de comentar uma coisa. Certa vez, eu estava pagando os pães quando a tia do caixa chamou "Renata", voltada para o balcão lá de trás. "Não pode!", pensei, "Ela não pode se chamar Renata! É o cúmulo da clonagem!" Mas não era ela não, era outra menina.

I'm a hero already!


Assisti ontem Who wants to be a superhero? na Sony. Hahahaha: esse é o reality show MAIS FAKE do mundo! Coisa de fazer você sentir vergonha pelos participantes. O Jim Lee lá, todo gagá, dando "esporro" em heróis que nem faziam muita força para parecerem sérios. Mas até que foi engraçadinho.

A maioria dos personagens nem têm poderes definidos – e os que têm são ridículos, como "habilidade de subir em árvores e fazer ruídos estranhos" ou "ser viciada em celular". Alguns se empolgam demais com o negócio, resultando em cenas como a do Major "correndo-como-uma-gazela-on-Prozac" Victory quase narrando o resgate de uma menininha perdida; ou do Iron Enforcer brincando de urban ninja* com sua arma maior que o braço. Total low-level; ainda bem que não preciso me afirmar levando o Super Micheranja nesse tipo de coisa.

[Porra, fui procurar essas imagens e dei de cara, lógico, com um site dizendo quem foi o vencedor da primeira temporada. Pior que é o resultado mais previsível possível; shame on you, Frank Miller!]

* Coisa boa. Por favor, assistam – Hique, especialmente. Dá mó vontade de comprar uma roupa de ninja.

Mil dois pacotes de bolacha

O Big Boss apareceu todo empolgado na nossa ala da masmorra. Queria fazer uma brincadeira (que provavelmente recebeu por e-mail):

BB: "Michel, é o seguinte: me diz quantas vezes tu querias transar."

Michel: "Mil!"

BB: "CALMA, porra. 'Mil'; pois nem terminei de falar. A gente tem que definir um espaço de tempo... digamos, quantas vezes tu gostarias de transar por semana?"

Michel: "Mil!!!"

BB: "Assim não dá, tu não estás levando a sério!"

Michel (embaraçado por não ter levado a brincadeira a sério): "Ah, desculpe. Usemos uma média hipotética de uma vez por dia, então."

BB: "Certo, cinco vezes por semana; escreve isso num papel."

Michel: "Ei! E nos fins de semana, não acontece nada?"

BB: "TÁ BOM, ESCREVE SETE, então! Mas me deixa fazer a brincadeira."

Michel: "Tá."

BB: "Agora, multiplica por 50, subtrai 106, depois......"

[Tinha uma seqüência de contas para fazer; ele queria que eu anotasse porque certamente ia querer fazer essa brincadeira tããão legal com outras pessoas.]

BB: "Agora, subtrai o ano do teu nascimento."

Michel: "Ahhhwn... Posso usar a calculadora, né?"

BB: "Mas como pode ser tão preguiçoso? Me dá isso aqui! Ó: agora a gente pega o resultado... e... epa, deu alguma coisa errada aqui, peraí. Não, está errado. Peraí que eu já volto."

Michel: "Então eu vou adiantando esse trabalho que estava fazendo antes do senhor chegar."

BB: "Não, PERAÍ; peraí que eu já volto."

BB (após passar alguns minutos concentrado, rabiscando em um papel na sala dele): "Ó, é assim, vai lá: vamos fazer desde o começo."

Michel: "Er... posso usar a calculadora agora?"

BB: "Me dá isso que eu faço! Mas que rapaz preguiçoso tu és, uma continha dessas! Pronto, tá aqui o resultado. Tens 26 anos, né?"

Michel: "27."

BB: "Hmm. Então aqui era 107, e não 106. Agora olha o resultado: 76927. O primeiro dígito é o número de vezes que tu vais transar por semana; os dois últimos são a tua idade. Os dois que sobraram, sabes o que é? A posição sexual que tu vais fazer! Tá vendo? Tá vendo? Legal, né???"

E ficou me olhando todo sorridente, como se essas brincadeiras com números não apenas não fossem chatas, mas fossem a coisa mais divertida e assombrosa do mundo.

Falei que era legalzinha para não perder um amigo.