segunda-feira, 23 de abril de 2007

Desnecessário trocadilho adicional

Olha o que eu achei na Net:

Buck Fush

O site chama de cartoons, mas está mais para fotonovelas de um quadro só – todas sobre o boneco favorito da América.


– Saddam teve o que mereceu. Qualquer líder que mate milhares de inocentes através de guerras enganosas deveria ser enforcado.
– Georgie... acho que você deveria reformular essa frase.


– Prestenção: estamos falando sobre a cura do câncer e você continua resmungando "mais matança no Iraque".


– Olha só, Congresso... vocês me aceitaram como Procurador Geral mesmo sabendo que fui um advogado da Enron, o maior contribuinte do Bush. E agora vocês estão surpresos porque despedi alguém por motivos políticos? Quanto da fita eu tenho que voltar proceis entenderem a história?

Estou com muita preguiça de confirmar mas, pelo que entendi, qualquer um faz os quadros e manda para o site escolher e publicar. Inclusive, eu mesmo fiz um, de humor refinado e totalmente válido:

"I'm an ass!"

(Esse é o momento em que alguém exclama "Mas que merda é essa, isso não é um post de verdade!" Bom, agora já foi.)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Click-click

Eis uma letra que tem muita relação com o post anterior: Bullet with a Name (Nonpoint, 2005).

Para mim, fala lindamente sobre sociedade de consumo e a violência lógica e inevitável que a acompanha (embora eles tentem fazer parecer que não é assim). FNORD

Como estou on the mood, a tradução (como sempre, livre) vai de graça para vocês – mas sempre lembrando que a versão original é naturalmente melhor e mais clara.

Bala com um Nome

Minhas intenções estão dispostas para todos verem
Sem remorso pelos sentimentos que trazem
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Porque a causa de tudo, a hesitação que você acredita ver
É, na verdade, preparação para a resistência*
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Veja todos assistindo e formando seu julgamento
Sobre cada pequeno movimento, cada decisão minha
Como posso ser um indivíduo com o peso do mundo,
Com oito planetas mais a conquistar?
E com tudo acontecendo, disparos estalando
E pessoas correndo em todas as direções
Com as mãos ao alto, rezando para o fim do drama
Flagro minhas mãos procurando dinheiro para gastar

O preço das coisas que preciso
Aumenta a cada dia
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
O modo como trabalho tanto pelas coisas
Que simplesmente tiram de mim
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome

Trabalho mais que cem mulas lá do México
Sem água, sem nuvens, sem sombra
Mais quente que o Inferno, sem sineta de almoço
Forno vazio de novo, por mais uma opinião ruim
Quer dizer: quem não quer
Carros, dinheiro, fama, atenção
Bares, agrados, jogos, atenção, estrelas?
Engraçado como dizemos que não precisamos
Para logo virar as costas e tentar conseguir tudo

Tudo que dizem sobre mim
E tudo que me fazem precisar
Não é nada quando estão me tomando tudo
Todos que tentam dificultar
E todos que dizem que nunca conseguirei
Não são mais que um nome na bala que miro


* Não faço muita idéia do que exatamente querem dizer na frase original, então inventei qualquer coisa.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Currently feeling: like shit

O que deveríamos estar buscando?
Responda: (1) como indivíduo e (2) como sociedade.

(1) Meu trabalho está aliviando o bastante para me dar tempo de conversar com pessoas e vasculhar a Internet. Nessas ocasiões, surge a pequena coceirinha que logo crescerá e se tornará uma linda sensação de inutilidade – provavelmente uma reação natural e passageira ao período imediatamente anterior, cuja palavra de ordem era produtividade. Ainda assim, a coceirinha nunca some de todo.

Tempo extra para conversar e vasculhar é também tempo extra para pensar e, quanto mais penso, mais me convenço de que meu trabalho não muda nada. As semanas passam tão rápido que não há mais como diferenciar os dias; são todos o mesmo. Recebi hoje uma caixa de bombons; ainda lembro do agrado da Páscoa passada (e se EU lembro de algo, é porque realmente faz pouco tempo, mesmo que relativamente). Um ano, e meu trabalho não mudou nada, eu não mudei nada no meu trabalho, nada mudou nada em nada. É assim mesmo? Ou eu deveria estar buscando mais, mudando mais, fazendo mais diferença? O que estou fazendo agora parece muito pequeno, a vida não pode ser só isso. O que, então, deveria estar buscando?

Deveria estar ajudando pessoas, fazendo coisas, coisas que importam, coisas que marcam, coisas que mudam as coisas? Deveria fazer diferença, me destacar por algo, ser um modelo, imitado, seguido? É isso mesmo? Deveria me aperfeiçoar, buscar reconhecimento, ser um eu melhor, enfim: deveria buscar eliminar a coceirinha? De que isso ajuda? Isso ME ajuda, mas não muda mais nada; só muda a mim mesmo, me torna o que acho que deveria ser, me dá argumentos para defender minha existência, mas ela não deixa de ser mesquinha e egocêntrica. Para resolver o mundo, basta resolver a mim mesmo? De forma isolada? Isso ainda parece muito pequeno, a vida ainda não pode ser sobre isso.

Há quem seja notável e fundamental para a sociedade que conhecemos sem sequer se dar conta disso. Leonardo da Vinci teria imaginado a influência que exerceria nos séculos que seguiram sua morte? Albert Einstein teria concebido a revolução que suas idéias e teorias causariam? E, e... quem mais citar? É difícil julgar/comparar personalidades de tal magnitude, e quase impossível elevar-se ao mesmo patamar. Afetar a vida de incontáveis pessoas de forma tão básica, redefinir a sociedade. E para quê? Para tornar as coisas melhores para os bilhões que não buscam nada, não mudam nada, não fazem diferença alguma? De que vale isso, impulsionar aqueles que abandonarão o impulso? Ainda parece pequeno, efetivamente não muda nada e, de fato, soa mais deprimente que as opções anteriores: é a conivência com a mediocridade.

O que deveríamos estar fazendo, então? Combatendo a mediocridade? Promovendo o aperfeiçoamento coletivo? Revolucionando a sociedade de dentro para fora? Isso é grande demais para uma vida! Do pequeno, se passa ao muito grande sem meio termo, sem real opção. Não há nada a buscar, então? É ISSO?

[Ah sim, meu humor está terrível hoje. Click-click.]

(2) Deixar o indivíduo em paz.

terça-feira, 3 de abril de 2007

+ valores + furiosos

Existe curso de batismo para quem vai apadrinhar1 pessoas. "Curso"; na verdade, uma tarde na Igreja. Achei que seria uma oportunidade de lembrar um pouco dos tempos de infância, quando freqüentava a missa sem questionar muito, quando as coisas pareciam fáceis e certas. Achei que seria até nostálgico e familiar. Não foi.

Incrível como os católicos conseguem estar ainda mais intolerantes do que há uns 14 anos. Durante 4 horas e meia, ouvi gente desprezando outras religiões e atacando os homossexuais exaltadamente. Ouvi gente babando de raiva ao bradar contra insinuações acerca de padres "decadentes" (não lembro do termo, não foi bem esse) – hahahaha; também, olha a noção do insinuador! Ouvi gente contrapondo bom senso com dogmas. Não estava exatamente esperando encontrar apologia à drogas e aborto, mas ao menos que alguém percebesse o que é ou não praticável e desejável numa sociedade.

Como eu tinha que passar por aquilo mesmo, tentei trilhar o caminho do meio, falando2 sobre o que vejo de bom no cristianismo: ser um aglomerado de práticas capazes de regular decentemente uma sociedade. "Não matar", por exemplo, parece uma boa regra para manter as coisas organizadas. Naturalmente, você não precisa de uma religião para te dizer que matar gente não é uma forma polida de resolver seus problemas. (Espero que não precise.) Mas se a religião te dá um sentido especial para evitar matar pessoas, creio que alguns potenciais homicidas pensem duas vezes. Mais ou menos da mesma forma que a polícia dá sentido às coisas: estipulando punições. O Novo Testamento até tem regras mais positivas, como "ame todo mundo"; o que é natural, já que Jesus foi um hippie3 dentre os seus. O cristianismo defende vários valores que beneficiam uma sociedade. Valores são legais, todos gostamos de valores. Exceto os coordenadores de grupos de curso de batismo: eles querem é ouvir que as coisas são feitas porque "deus4 é poderoso e único" ou "deus merece a nossa gratidão por ter feito tudo" ou ainda "deus é misterioso e entende o que é melhor para cada um de nós". Isso quando não recomeçam as ameaças.

Enfim, agora tenho um certificado, válido por três anos. Vou tentar apadrinhar o maior número de moleques que conseguir, porque certamente não vou fazer o curso de novo.

Newsflash: o catolicismo agora aceita e abençoa "casais de segunda união", vejam só. Who cares a lot?

1 Não exatamente como os mafiosos fazem.
2 Tinha essa parte para tornar tudo ainda mais interminável: interação forçada.
3 Vejamos: (1) crítica às instituições estabelecidas e aos valores da classe dominante, (2) ideologia da paz e do amor, (3) falar na boa com prostitutas, (4) quebra de paradigmas e busca de novos caminhos, (...)
4 Eu sei que está escrito com 'd' minúsculo. Estou fazendo isso para irritar pessoas.