Dedicado à S!
Se eu pudesse realmente escolher o que quero ser, seria entusiasta. Diferente do expert, que honra o compromisso profissional de saber tudo o que sabe, o entusiasta sabe porque gosta. A simples junção de "compromisso" e "profissional" na mesma sentença deve ser o bastante para convencer alguém de que os dias de um expert são chatos: em vez de trabalhar apenas com sua especialidade, algo que gostaria muito de fazer, precisa distorcê-la e adaptá-la para tornar-se profissionalmente (e, provavelmente, comercialmente) viável. O expert é um vendido.
O entusiasta tem a seu favor a informalidade, mas conservando ainda o respeito das pessoas à sua volta – que é o que importa, afinal: eu não preciso do respeito dos chineses1. Os amadores, por sua vez, até ganham a simpatia de parentes e amigos, mas nem com estes têm credibilidade. Você não chamaria um amador para resolver um problema ou responder uma pergunta complexa. O amador é uma curiosidade.
E temos o profissional regular. Este é o mais desprezível de todos: faz o que faz pelo dinheiro, não há sequer garantias de que goste do que faz. Se o expert é o vendido, o profissional é a versão pirata: funcional, mas duvidoso na melhor das hipóteses. As pessoas só confiam nele porque há algum documento afirmando que é confiável. Você acaba tendo que confiar também em quem fez tal documento, e na forma como foi adquirido. É muita confiança para pouca confiabilidade.
Com tudo isso esclarecido, basta achar um jeito de ganhar dinheiro e permanecer entusiasta.
Exemplos: O Hique é um fotógrafo entusiasta. Eu sou um tipógrafo amador. O Sagaz é um expert em design de jogos. O marketing é uma atividade estritamente profissional2.
1 Por favor, gente, eu amo os chineses! De forma alguma penso mal deles, foram os primeiros que me vieram à cabeça simplesmente porque moram longe. Sério. Poderiam ser os japoneses também, ou qualquer um que você encontre depois de cavar para baixo até o outro lado do globo.
Tudo bem, "amo" foi um exagero.
2 Gostaria de registrar aqui meu testamento informal, apenas por garantia, e deixar tudo para minha irmã. Ah, e eu quero ser cremado, mas não deixem a Cassi tomar parte disso.
3 comentários:
eu tô cansada, Michel. Não tô ligando nada com nada. Por que pra mim? Aliás, deixa pra lá, só de ser dedicado á minha pessoa já é bom! =)
Muito grata!
(não tenho nada legal pra dizer mesmo...por isso esses comentários. Mas sim, já ouvi dizer que quando não temos nada a falar, devemos ficar calados! Enfim...)
Eu tinha acabado de ler o que você dizia sobre sentir-se perdida em relação ao curso. E fiquei pensando nisso, e sobre a importância que as pessoas dão aos cursos de graduação. E de como eu confio mais em pessoas que fazem o que gostam do que em pessoas que passaram por um bom adestramento.
...
Na verdade, preferia ter dedicado algo melhor.
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