quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Deus e o diabo na tabela periódica

Não quero me gabar nem deixar ninguém com inveja, mas acabo de perceber que tenho uma questão existencial a menos para responder. Eu sei qual é a minha missão na Terra: descobrir qual é a escova de dentes mais abominável já criada pelo homem. Ou isso ou meus ancestrais invadiram muitas tumbas egípcias; de qualquer forma, o destino tem posto em meu caminho escovas cada vez piores. Não importa quanto tempo eu passe olhando, analisando, medindo, tentando lembrar detalhes infames dos modelos anteriores: a nova sempre consegue bater recordes de decepção com algum detalhe inédito.

Tomemos como exemplo minha última aquisição. Ela é simpática, não tem aqueles montes de firulas para massagear a gengiva ou cinco níveis diferentes de cerdas (elas são cortadas em uma ligeira curva e só). O problema mesmo é o corpo da danada, feito de um material translúcido que, vendo na embalagem, você pensa "deve ser flexível e macio" e nem dá muita bola. Eis que o tal material é um polímero maldito, duro como acrílico, que não consigo conceber que tenha sido testado em humanos vivos. É como escovar os dentes com um pedaço indestrutível de pé-de-moleque. Feito com areia em vez de açúcar. Mesmo depois de pensar bastante, consigo listar poucos materiais que seriam mais inadequados à função:

· madeira
· cobre
· queijo
· urina
· soda cáustica

Não satisfeitos em criar um objeto apenas repulsivo, os responsáveis resolveram torná-lo extremamente odioso ao incluir um "limpador de língua": várias saliências feitas do mesmo material. Assim, enquanto você escova os dentes de cima, pode alegremente lixar os de baixo.

Mas tudo bem. Se for mesmo a minha missão, acho que não é das piores. Talvez eu até consiga encontrar um enxaguante bucal sabor cebola para acompanhar.

8 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que voce encontrou sua missao na Terra ,eu ainda nao sei a que vim...talvez perturbar blogueiros com comentarios..Mas voltando as escovas ,e escova eletrica?Sao as piores!tenho uma da Oral Z e nao consigo trocar o refil das cerdas sem pedir a algum escoteiro e como eles se fazem raros :Ta dificil!desenhe uma!bj

Michel disse...

Nunca usei escova elétrica. Aliás, nunca me ocorreu que tivessem refil. =]

Parece uma boa idéia. Agora só falta venderem escoteiros descartáveis.

Anônimo disse...

Huahuahuahuahuahuahua, amo muito tudo isso! Que saudades dos seus textos!

Michel disse...

Sabe que às vezes me dá uma vontade doida de sair escrevendo? Mas então vem uma preguiça do além e não escrevo nada.

Culpa do além, dos moradores do mundo espiritual e tal. Não conseguem reciclar a preguiça, aí ficam despejando do lado de cá.

Snow disse...

Existisse mesmo o tal exagüante de cebola, o segundo post depois deste realmente terminaria em 30 minutos, digo, 3 segundos.
Beijos!!

Michel disse...

Nada que não possa ser improvisado, caso a necessidade exista. Sabe como é, o ser humano é muito inventivo e adaptável.

Foi mais ou menos assim que surgiu o torrone.

Anônimo disse...

Acredita que acabei de reler e me matei de tanto rir por aqui? Deu um surto, sei lá, até chorei rindo. Fiz pausas porque não dava para ler e gargalhar ao mesmo tempo. Nem preciso dizer que tomei um susto quando vi que já tinha lido e comentado!

Será que se descobrir minha missão na Terra eu chego perto de escrever bem assim?

Francamente, Michel, é uma vergonha o senhorito não postar todo dia...

Beatriz Levischi disse...

Vim parar aqui por culpa da Carol Costa. E tenho de admitir que você é ótimo! Nunca mais escovarei os dentes com os mesmos olhos. rs