Outra noite – mais para 'outra semana' – tive um sonho estranho. Na verdade, sonhos tenho todas as noites, e são sempre estranhos; mas este é especial. Porque já esqueci todos os outros e só sobrou este para comentar, então vai ele mesmo.
Tudo começa com um indivíduo indeterminado (sério, não era eu; era um figurante qualquer) que queria conseguir um favor para o filho. (Não lembro o que era, um emprego ou uma vaga de algum tipo.) Ele resolveu ignorar todos os intermediários e pedir direto ao cabeça: Deus. Quer dizer, ele não poderia fazer isso diretamente, porque esse mínimo de lógica o meu sonho tinha, mas ele queria entrar em contato com Deus de alguma forma para interceder no caso e conceder a graça. Pois bem; ele escreveu uma carta, em leve tom de chantagem, traçando paralelos entre o filho dele e a filha de Deus – que era famosa, como uma pop star, porque Deus conhecia gente importante e tinha mexido uns pauzinhos para conseguir um contrato numa boa gravadora. Parece que o sujeito conhecia alguns segredos da moça e, se o filho dele não recebesse uma forcinha divina, vazaria tudo pra imprensa e a coisa ia feder. O tipo de coisa com que Deus se preocupa no seu dia-a-dia transcedental.
Curiosamente funcionou, mas não como o indivíduo indeterminado previra. No dia seguinte, YHVH em pessoa estava na Terra, puto, chutando carros e quebrando prédios. Deus era assim: igualzinho ao Edin1, mas com 30 metros de altura e disparando raios pelos olhos. Ainda que se comportasse como um monstro destruidor de Tóquio, Deus era perfeitamente capaz de pensamento racional, embora não fosse razoável ou sociável. Mais ou menos como algumas mulheres na TPM.
Diante da destruição inevitável levada a cabo pelo Criador enfurecido, algumas pessoas tentavam encontrar meios para evitar a aniquilação do planeta. Eis que alguém veio com uma teoria de que Deus, na verdade, não seria a entidade máxima do Universo, e que ele respondia a um superior da mesma forma como respondemos a ele. [Algo muito Ao-like.2] Da mesma forma como Deus era fruto da mente humana, vingativo e inflexível porque os homens assim haviam determinado, nós poderíamos imaginar seu superior, e fazê-lo de forma a garantir a paz e a segurança de todos. Ou seja: imaginar uma entidade pacífica e inofensiva que fizesse com que Deus parasse a destruição. Alguém achou que um beija-flor seria perfeito para a tarefa.
O sonho meio que acabou assim, a parte legal mesmo era a da destruição massiva. Infelizmente não tenho vídeos disso para mostrar. Lembro que, ainda dormindo, pensei "Uau, essa história é genial! Eu deveria escrever um livro, muito melhor do que a idéia do capim!"
[Sei que ainda estava dormindo quando pensei isso porque tudo sempre parece genial, fácil e óbvio. Depois de acordado, fica claro que a história é um lixo.]
1 Tentei achar uma foto do Edin na Internet, mas só veio esse video. Eu ia tirar um screenshot, mas como tem a transformação do Daileon, a bela expressão facial do Satan Goss (basicamente movimentos com a testa... ?) e toda aquela Física fantástica que só ocorre no Japão, resolvi colocar o link para o vídeo mesmo.
2 Aliás, esse artigo, que consultei depois, cita a existência de um ser superior a Ao. Nem sabia que tinha isso, mas no sonho também falaram de uma hierarquia composta de três camadas, com Deus na mais baixa. Weird.
segunda-feira, 14 de maio de 2007
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Desnecessário trocadilho adicional
Olha o que eu achei na Net:
Buck Fush
O site chama de cartoons, mas está mais para fotonovelas de um quadro só – todas sobre o boneco favorito da América.

Buck Fush
O site chama de cartoons, mas está mais para fotonovelas de um quadro só – todas sobre o boneco favorito da América.

– Saddam teve o que mereceu. Qualquer líder que mate milhares de inocentes através de guerras enganosas deveria ser enforcado.
– Georgie... acho que você deveria reformular essa frase.
– Prestenção: estamos falando sobre a cura do câncer e você continua resmungando "mais matança no Iraque".
– Olha só, Congresso... vocês me aceitaram como Procurador Geral mesmo sabendo que fui um advogado da Enron, o maior contribuinte do Bush. E agora vocês estão surpresos porque despedi alguém por motivos políticos? Quanto da fita eu tenho que voltar proceis entenderem a história?

"I'm an ass!"
(Esse é o momento em que alguém exclama "Mas que merda é essa, isso não é um post de verdade!" Bom, agora já foi.)
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Click-click
Eis uma letra que tem muita relação com o post anterior: Bullet with a Name (Nonpoint, 2005).
Para mim, fala lindamente sobre sociedade de consumo e a violência lógica e inevitável que a acompanha (embora eles tentem fazer parecer que não é assim). FNORD
Como estou on the mood, a tradução (como sempre, livre) vai de graça para vocês – mas sempre lembrando que a versão original é naturalmente melhor e mais clara.
Bala com um Nome
Minhas intenções estão dispostas para todos verem
Sem remorso pelos sentimentos que trazem
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Porque a causa de tudo, a hesitação que você acredita ver
É, na verdade, preparação para a resistência*
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Veja todos assistindo e formando seu julgamento
Sobre cada pequeno movimento, cada decisão minha
Como posso ser um indivíduo com o peso do mundo,
Com oito planetas mais a conquistar?
E com tudo acontecendo, disparos estalando
E pessoas correndo em todas as direções
Com as mãos ao alto, rezando para o fim do drama
Flagro minhas mãos procurando dinheiro para gastar
O preço das coisas que preciso
Aumenta a cada dia
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
O modo como trabalho tanto pelas coisas
Que simplesmente tiram de mim
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Trabalho mais que cem mulas lá do México
Sem água, sem nuvens, sem sombra
Mais quente que o Inferno, sem sineta de almoço
Forno vazio de novo, por mais uma opinião ruim
Quer dizer: quem não quer
Carros, dinheiro, fama, atenção
Bares, agrados, jogos, atenção, estrelas?
Engraçado como dizemos que não precisamos
Para logo virar as costas e tentar conseguir tudo
Tudo que dizem sobre mim
E tudo que me fazem precisar
Não é nada quando estão me tomando tudo
Todos que tentam dificultar
E todos que dizem que nunca conseguirei
Não são mais que um nome na bala que miro
* Não faço muita idéia do que exatamente querem dizer na frase original, então inventei qualquer coisa.
Para mim, fala lindamente sobre sociedade de consumo e a violência lógica e inevitável que a acompanha (embora eles tentem fazer parecer que não é assim). FNORD
Como estou on the mood, a tradução (como sempre, livre) vai de graça para vocês – mas sempre lembrando que a versão original é naturalmente melhor e mais clara.
Bala com um Nome
Minhas intenções estão dispostas para todos verem
Sem remorso pelos sentimentos que trazem
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Porque a causa de tudo, a hesitação que você acredita ver
É, na verdade, preparação para a resistência*
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Veja todos assistindo e formando seu julgamento
Sobre cada pequeno movimento, cada decisão minha
Como posso ser um indivíduo com o peso do mundo,
Com oito planetas mais a conquistar?
E com tudo acontecendo, disparos estalando
E pessoas correndo em todas as direções
Com as mãos ao alto, rezando para o fim do drama
Flagro minhas mãos procurando dinheiro para gastar
O preço das coisas que preciso
Aumenta a cada dia
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
O modo como trabalho tanto pelas coisas
Que simplesmente tiram de mim
Tenho uma bala com um nome inscrito
Uma bala com um nome
Trabalho mais que cem mulas lá do México
Sem água, sem nuvens, sem sombra
Mais quente que o Inferno, sem sineta de almoço
Forno vazio de novo, por mais uma opinião ruim
Quer dizer: quem não quer
Carros, dinheiro, fama, atenção
Bares, agrados, jogos, atenção, estrelas?
Engraçado como dizemos que não precisamos
Para logo virar as costas e tentar conseguir tudo
Tudo que dizem sobre mim
E tudo que me fazem precisar
Não é nada quando estão me tomando tudo
Todos que tentam dificultar
E todos que dizem que nunca conseguirei
Não são mais que um nome na bala que miro
* Não faço muita idéia do que exatamente querem dizer na frase original, então inventei qualquer coisa.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
Currently feeling: like shit
O que deveríamos estar buscando?
Responda: (1) como indivíduo e (2) como sociedade.
(1) Meu trabalho está aliviando o bastante para me dar tempo de conversar com pessoas e vasculhar a Internet. Nessas ocasiões, surge a pequena coceirinha que logo crescerá e se tornará uma linda sensação de inutilidade – provavelmente uma reação natural e passageira ao período imediatamente anterior, cuja palavra de ordem era produtividade. Ainda assim, a coceirinha nunca some de todo.
Tempo extra para conversar e vasculhar é também tempo extra para pensar e, quanto mais penso, mais me convenço de que meu trabalho não muda nada. As semanas passam tão rápido que não há mais como diferenciar os dias; são todos o mesmo. Recebi hoje uma caixa de bombons; ainda lembro do agrado da Páscoa passada (e se EU lembro de algo, é porque realmente faz pouco tempo, mesmo que relativamente). Um ano, e meu trabalho não mudou nada, eu não mudei nada no meu trabalho, nada mudou nada em nada. É assim mesmo? Ou eu deveria estar buscando mais, mudando mais, fazendo mais diferença? O que estou fazendo agora parece muito pequeno, a vida não pode ser só isso. O que, então, deveria estar buscando?
Deveria estar ajudando pessoas, fazendo coisas, coisas que importam, coisas que marcam, coisas que mudam as coisas? Deveria fazer diferença, me destacar por algo, ser um modelo, imitado, seguido? É isso mesmo? Deveria me aperfeiçoar, buscar reconhecimento, ser um eu melhor, enfim: deveria buscar eliminar a coceirinha? De que isso ajuda? Isso ME ajuda, mas não muda mais nada; só muda a mim mesmo, me torna o que acho que deveria ser, me dá argumentos para defender minha existência, mas ela não deixa de ser mesquinha e egocêntrica. Para resolver o mundo, basta resolver a mim mesmo? De forma isolada? Isso ainda parece muito pequeno, a vida ainda não pode ser sobre isso.
Há quem seja notável e fundamental para a sociedade que conhecemos sem sequer se dar conta disso. Leonardo da Vinci teria imaginado a influência que exerceria nos séculos que seguiram sua morte? Albert Einstein teria concebido a revolução que suas idéias e teorias causariam? E, e... quem mais citar? É difícil julgar/comparar personalidades de tal magnitude, e quase impossível elevar-se ao mesmo patamar. Afetar a vida de incontáveis pessoas de forma tão básica, redefinir a sociedade. E para quê? Para tornar as coisas melhores para os bilhões que não buscam nada, não mudam nada, não fazem diferença alguma? De que vale isso, impulsionar aqueles que abandonarão o impulso? Ainda parece pequeno, efetivamente não muda nada e, de fato, soa mais deprimente que as opções anteriores: é a conivência com a mediocridade.
O que deveríamos estar fazendo, então? Combatendo a mediocridade? Promovendo o aperfeiçoamento coletivo? Revolucionando a sociedade de dentro para fora? Isso é grande demais para uma vida! Do pequeno, se passa ao muito grande sem meio termo, sem real opção. Não há nada a buscar, então? É ISSO?
[Ah sim, meu humor está terrível hoje. Click-click.]
(2) Deixar o indivíduo em paz.
Responda: (1) como indivíduo e (2) como sociedade.
(1) Meu trabalho está aliviando o bastante para me dar tempo de conversar com pessoas e vasculhar a Internet. Nessas ocasiões, surge a pequena coceirinha que logo crescerá e se tornará uma linda sensação de inutilidade – provavelmente uma reação natural e passageira ao período imediatamente anterior, cuja palavra de ordem era produtividade. Ainda assim, a coceirinha nunca some de todo.
Tempo extra para conversar e vasculhar é também tempo extra para pensar e, quanto mais penso, mais me convenço de que meu trabalho não muda nada. As semanas passam tão rápido que não há mais como diferenciar os dias; são todos o mesmo. Recebi hoje uma caixa de bombons; ainda lembro do agrado da Páscoa passada (e se EU lembro de algo, é porque realmente faz pouco tempo, mesmo que relativamente). Um ano, e meu trabalho não mudou nada, eu não mudei nada no meu trabalho, nada mudou nada em nada. É assim mesmo? Ou eu deveria estar buscando mais, mudando mais, fazendo mais diferença? O que estou fazendo agora parece muito pequeno, a vida não pode ser só isso. O que, então, deveria estar buscando?
Deveria estar ajudando pessoas, fazendo coisas, coisas que importam, coisas que marcam, coisas que mudam as coisas? Deveria fazer diferença, me destacar por algo, ser um modelo, imitado, seguido? É isso mesmo? Deveria me aperfeiçoar, buscar reconhecimento, ser um eu melhor, enfim: deveria buscar eliminar a coceirinha? De que isso ajuda? Isso ME ajuda, mas não muda mais nada; só muda a mim mesmo, me torna o que acho que deveria ser, me dá argumentos para defender minha existência, mas ela não deixa de ser mesquinha e egocêntrica. Para resolver o mundo, basta resolver a mim mesmo? De forma isolada? Isso ainda parece muito pequeno, a vida ainda não pode ser sobre isso.
Há quem seja notável e fundamental para a sociedade que conhecemos sem sequer se dar conta disso. Leonardo da Vinci teria imaginado a influência que exerceria nos séculos que seguiram sua morte? Albert Einstein teria concebido a revolução que suas idéias e teorias causariam? E, e... quem mais citar? É difícil julgar/comparar personalidades de tal magnitude, e quase impossível elevar-se ao mesmo patamar. Afetar a vida de incontáveis pessoas de forma tão básica, redefinir a sociedade. E para quê? Para tornar as coisas melhores para os bilhões que não buscam nada, não mudam nada, não fazem diferença alguma? De que vale isso, impulsionar aqueles que abandonarão o impulso? Ainda parece pequeno, efetivamente não muda nada e, de fato, soa mais deprimente que as opções anteriores: é a conivência com a mediocridade.
O que deveríamos estar fazendo, então? Combatendo a mediocridade? Promovendo o aperfeiçoamento coletivo? Revolucionando a sociedade de dentro para fora? Isso é grande demais para uma vida! Do pequeno, se passa ao muito grande sem meio termo, sem real opção. Não há nada a buscar, então? É ISSO?
[Ah sim, meu humor está terrível hoje. Click-click.]
(2) Deixar o indivíduo em paz.
terça-feira, 3 de abril de 2007
+ valores + furiosos
Existe curso de batismo para quem vai apadrinhar1 pessoas. "Curso"; na verdade, uma tarde na Igreja. Achei que seria uma oportunidade de lembrar um pouco dos tempos de infância, quando freqüentava a missa sem questionar muito, quando as coisas pareciam fáceis e certas. Achei que seria até nostálgico e familiar. Não foi.
Incrível como os católicos conseguem estar ainda mais intolerantes do que há uns 14 anos. Durante 4 horas e meia, ouvi gente desprezando outras religiões e atacando os homossexuais exaltadamente. Ouvi gente babando de raiva ao bradar contra insinuações acerca de padres "decadentes" (não lembro do termo, não foi bem esse) – hahahaha; também, olha a noção do insinuador! Ouvi gente contrapondo bom senso com dogmas. Não estava exatamente esperando encontrar apologia à drogas e aborto, mas ao menos que alguém percebesse o que é ou não praticável e desejável numa sociedade.
Como eu tinha que passar por aquilo mesmo, tentei trilhar o caminho do meio, falando2 sobre o que vejo de bom no cristianismo: ser um aglomerado de práticas capazes de regular decentemente uma sociedade. "Não matar", por exemplo, parece uma boa regra para manter as coisas organizadas. Naturalmente, você não precisa de uma religião para te dizer que matar gente não é uma forma polida de resolver seus problemas. (Espero que não precise.) Mas se a religião te dá um sentido especial para evitar matar pessoas, creio que alguns potenciais homicidas pensem duas vezes. Mais ou menos da mesma forma que a polícia dá sentido às coisas: estipulando punições. O Novo Testamento até tem regras mais positivas, como "ame todo mundo"; o que é natural, já que Jesus foi um hippie3 dentre os seus. O cristianismo defende vários valores que beneficiam uma sociedade. Valores são legais, todos gostamos de valores. Exceto os coordenadores de grupos de curso de batismo: eles querem é ouvir que as coisas são feitas porque "deus4 é poderoso e único" ou "deus merece a nossa gratidão por ter feito tudo" ou ainda "deus é misterioso e entende o que é melhor para cada um de nós". Isso quando não recomeçam as ameaças.
Enfim, agora tenho um certificado, válido por três anos. Vou tentar apadrinhar o maior número de moleques que conseguir, porque certamente não vou fazer o curso de novo.
Newsflash: o catolicismo agora aceita e abençoa "casais de segunda união", vejam só. Who cares a lot?
1 Não exatamente como os mafiosos fazem.
2 Tinha essa parte para tornar tudo ainda mais interminável: interação forçada.
3 Vejamos: (1) crítica às instituições estabelecidas e aos valores da classe dominante, (2) ideologia da paz e do amor, (3) falar na boa com prostitutas, (4) quebra de paradigmas e busca de novos caminhos, (...)
4 Eu sei que está escrito com 'd' minúsculo. Estou fazendo isso para irritar pessoas.
Incrível como os católicos conseguem estar ainda mais intolerantes do que há uns 14 anos. Durante 4 horas e meia, ouvi gente desprezando outras religiões e atacando os homossexuais exaltadamente. Ouvi gente babando de raiva ao bradar contra insinuações acerca de padres "decadentes" (não lembro do termo, não foi bem esse) – hahahaha; também, olha a noção do insinuador! Ouvi gente contrapondo bom senso com dogmas. Não estava exatamente esperando encontrar apologia à drogas e aborto, mas ao menos que alguém percebesse o que é ou não praticável e desejável numa sociedade.
Como eu tinha que passar por aquilo mesmo, tentei trilhar o caminho do meio, falando2 sobre o que vejo de bom no cristianismo: ser um aglomerado de práticas capazes de regular decentemente uma sociedade. "Não matar", por exemplo, parece uma boa regra para manter as coisas organizadas. Naturalmente, você não precisa de uma religião para te dizer que matar gente não é uma forma polida de resolver seus problemas. (Espero que não precise.) Mas se a religião te dá um sentido especial para evitar matar pessoas, creio que alguns potenciais homicidas pensem duas vezes. Mais ou menos da mesma forma que a polícia dá sentido às coisas: estipulando punições. O Novo Testamento até tem regras mais positivas, como "ame todo mundo"; o que é natural, já que Jesus foi um hippie3 dentre os seus. O cristianismo defende vários valores que beneficiam uma sociedade. Valores são legais, todos gostamos de valores. Exceto os coordenadores de grupos de curso de batismo: eles querem é ouvir que as coisas são feitas porque "deus4 é poderoso e único" ou "deus merece a nossa gratidão por ter feito tudo" ou ainda "deus é misterioso e entende o que é melhor para cada um de nós". Isso quando não recomeçam as ameaças.
Enfim, agora tenho um certificado, válido por três anos. Vou tentar apadrinhar o maior número de moleques que conseguir, porque certamente não vou fazer o curso de novo.
Newsflash: o catolicismo agora aceita e abençoa "casais de segunda união", vejam só. Who cares a lot?
1 Não exatamente como os mafiosos fazem.
2 Tinha essa parte para tornar tudo ainda mais interminável: interação forçada.
3 Vejamos: (1) crítica às instituições estabelecidas e aos valores da classe dominante, (2) ideologia da paz e do amor, (3) falar na boa com prostitutas, (4) quebra de paradigmas e busca de novos caminhos, (...)
4 Eu sei que está escrito com 'd' minúsculo. Estou fazendo isso para irritar pessoas.
domingo, 25 de março de 2007
New!
Na segunda passada, veio um new new new guy. Ele entrou no lugar do guy anterior, que não agradou o Big Boss. [Não confundir com o Boss, também chamado M-Boss, ou emBoss, ou eBass, ou Bay Area. De fato, estou inventando tudo isso on-the-fly. Ainda mais fato é que estava com uma vontade tremenda de usar a expressão "on-the-fly" de algum jeito – qualquer jeito.] Enfim, o M-Boss anda com umas idéias de avaliar construtiva e dinamicamente a equipe do nosso setor, de modo a entender melhor como o trabalho está sendo desenvolvido e identificar/evitar novos problemas com algum membro específico. Basicamente, funciona assim: como nós dois somos os únicos hablantes de inglês na parada (masmorra + câmara imperial), a idéia é comentar as bobagens dos outros na língua do George, com liberdade para xingar e fazer piadinhas sem que ninguém mais entenda. E, ocasionalmente, fazer alguma avaliação construtiva.
Mas voltando ao new new new guy: ele parece legal. (Mas o new new guy também parecia legal. Provavelmente eu tenho alguma tendência a achar todo mundo legal.) Ele é igual ao John Travolta, porém aloirado – fato que logo chamou a atenção do Gerson, o encarregado oficial de definir o apelido dos novatos. O nome dele também é Gerson, embora agora seja John. Ou era até o segundo dia, em que todos passaram a chamá-lo de Pica-Pau por conta do penteado. Certamente novos apelidos ainda estão por vir e não há como afirmar agora qual será o definitivo.
Na mesma segunda, comecei a almoçar no restaurante que o Gerson está indo, praticamente na frente da Gráfica; o John também. Lá servem comida de verdade (!), vejam só. Sério, vejam só: perdi uma semana inteira de histórias potenciais no Angeloni. E estou almoçando com outras pessoas (as mesmas, todos os dias! Não faço isso há anos). Tudo ainda está se rearranjando com o John no time. E ainda estou me acostumando com as mesas novas dos computadores. Muita emoção para uma semana.
Mas voltando ao new new new guy: ele parece legal. (Mas o new new guy também parecia legal. Provavelmente eu tenho alguma tendência a achar todo mundo legal.) Ele é igual ao John Travolta, porém aloirado – fato que logo chamou a atenção do Gerson, o encarregado oficial de definir o apelido dos novatos. O nome dele também é Gerson, embora agora seja John. Ou era até o segundo dia, em que todos passaram a chamá-lo de Pica-Pau por conta do penteado. Certamente novos apelidos ainda estão por vir e não há como afirmar agora qual será o definitivo.
Na mesma segunda, comecei a almoçar no restaurante que o Gerson está indo, praticamente na frente da Gráfica; o John também. Lá servem comida de verdade (!), vejam só. Sério, vejam só: perdi uma semana inteira de histórias potenciais no Angeloni. E estou almoçando com outras pessoas (as mesmas, todos os dias! Não faço isso há anos). Tudo ainda está se rearranjando com o John no time. E ainda estou me acostumando com as mesas novas dos computadores. Muita emoção para uma semana.
quarta-feira, 14 de março de 2007
Laughing Lula, Hiding Bush
Estava escrevendo um post sobre a visita do George. Era cheio de links e comentários e imagens, mas fui à casa do Hique no sábado e acabei não terminando. E no domindo fiquei com preguiça, e na segunda fiquei com preguiça, e na terça fiquei trabalhando até tarde (além de ter ficado com preguiça). Percebo que passou o prazo de validade, mas sempre há tempo para isto:
São imagens irrelevantes desse calibre que fazem valer a pena receber o Tio Chimp. Enfim. Como o post azedou, fiquem com outro evento espetacular, ocorrido ontem:
Estava andando para o serviço. Do outro lado da rua, veio um rapaz meio arrumado meio careca meio desorientado. Ele me abordou meio sem jeito, perguntando "Você sabe onde fica a livraria?"
Livraria? "Não tem livraria por aqui", pensei. "Livraria? Não tem livraria por aqui", respondi. "Tem uma papelaria, no fim da rua."
O rapaz agradeceu e começou a andar meio apressadamente. Pouco adiante, perguntou algo para uma senhora, envolvendo "xerox". Ou Rolex. Ou Botox. Ao receber a resposta, começou a correr. Foi quando percebi o óbvio: o que eu havia confundido com um inocente rapaz meio perdido não poderia ser outra coisa além de um cyborg movido à informações. Ele não queria livros nem xerox; fazia perguntas para recolher informações, que processava através de meios muito tecnológicos, recarregando assim sua fonte de energia e aumentando sua velocidade.
Espantoso. E eu achando que seria apenas mais uma terça-feira comum sem cyborgs.
* "Instrumento". Está claro que improvisaram na hora um canudo de jornal cheio de arroz e deram para o George brincar. Assim, ele poderia tocar um "instrumento" que não "interferisse" na "música" da "ONG" dos "meninos" que provavelmente sabem usar "aspas" melhor do que eu.

Jason Reed/Reuters - Folha Online, 2007.03.09
Bush toca instrumento* durante visita à ONG Meninos do Morumbi
São imagens irrelevantes desse calibre que fazem valer a pena receber o Tio Chimp. Enfim. Como o post azedou, fiquem com outro evento espetacular, ocorrido ontem:
Estava andando para o serviço. Do outro lado da rua, veio um rapaz meio arrumado meio careca meio desorientado. Ele me abordou meio sem jeito, perguntando "Você sabe onde fica a livraria?"
Livraria? "Não tem livraria por aqui", pensei. "Livraria? Não tem livraria por aqui", respondi. "Tem uma papelaria, no fim da rua."
O rapaz agradeceu e começou a andar meio apressadamente. Pouco adiante, perguntou algo para uma senhora, envolvendo "xerox". Ou Rolex. Ou Botox. Ao receber a resposta, começou a correr. Foi quando percebi o óbvio: o que eu havia confundido com um inocente rapaz meio perdido não poderia ser outra coisa além de um cyborg movido à informações. Ele não queria livros nem xerox; fazia perguntas para recolher informações, que processava através de meios muito tecnológicos, recarregando assim sua fonte de energia e aumentando sua velocidade.
Espantoso. E eu achando que seria apenas mais uma terça-feira comum sem cyborgs.
* "Instrumento". Está claro que improvisaram na hora um canudo de jornal cheio de arroz e deram para o George brincar. Assim, ele poderia tocar um "instrumento" que não "interferisse" na "música" da "ONG" dos "meninos" que provavelmente sabem usar "aspas" melhor do que eu.
terça-feira, 6 de março de 2007
O senhor dos papéis
Estava escovando os dentes hoje – de novo! que falta de imaginação... eu bem que poderia fazer outras coisas em banheiros públicos, como jogar paciência ou imitar celebridades. Enfim.
Passou atrás de mim (respeitando a distância mínima requerida pelo código dos cavalheiros, naturalmente) o rapaz dos Correios do Angeloni. Um que tem luzes no cabelo e tal, acho até que tem voz fina e é meio viado. Sem preconceito, claro; qualquer um tem o direito de fazer luzes. Passou de um jeito meio apreensivo, jeito de quem não pára nem se encontra o melhor amigo no caminho; foi direto para os aparelhos* no fim da parede. Tão logo chegou ao destino, voltou do jeito que foi, percorrendo todo o caminho – que mede 4 aparelhos e oito pias – visivelmente alterado. Catou uma, duas, três folhas de papel do meu lado (o outro toalheiro deveria estar vazio), quatro, cinco, seis (eu sempre uso a primeira pia, próxima à porta, por motivos lógicos), sete, oito, nove... à certa altura, perdi a conta. Mas ele catou muita toalha. E voltou, agora quase correndo, para refugiar-se no último aparelho. Eu NÃO QUERO saber o que ele foi fazer com as toalhas, fiz questão de não saber, de não olhar, de não ouvir. Aliás, eu praticamente saí correndo na direção oposta. Tive o pressentimento que este era um dos casos em que vou dormir mais facilmente se não souber os detalhes.
* Aqueles arbustos simbólicos de porcelana que o homem criou em algum ponto entre a Idade da Pedra e o pós-modernismo para servir de alvo quando vai despejar água da bexiga.
Passou atrás de mim (respeitando a distância mínima requerida pelo código dos cavalheiros, naturalmente) o rapaz dos Correios do Angeloni. Um que tem luzes no cabelo e tal, acho até que tem voz fina e é meio viado. Sem preconceito, claro; qualquer um tem o direito de fazer luzes. Passou de um jeito meio apreensivo, jeito de quem não pára nem se encontra o melhor amigo no caminho; foi direto para os aparelhos* no fim da parede. Tão logo chegou ao destino, voltou do jeito que foi, percorrendo todo o caminho – que mede 4 aparelhos e oito pias – visivelmente alterado. Catou uma, duas, três folhas de papel do meu lado (o outro toalheiro deveria estar vazio), quatro, cinco, seis (eu sempre uso a primeira pia, próxima à porta, por motivos lógicos), sete, oito, nove... à certa altura, perdi a conta. Mas ele catou muita toalha. E voltou, agora quase correndo, para refugiar-se no último aparelho. Eu NÃO QUERO saber o que ele foi fazer com as toalhas, fiz questão de não saber, de não olhar, de não ouvir. Aliás, eu praticamente saí correndo na direção oposta. Tive o pressentimento que este era um dos casos em que vou dormir mais facilmente se não souber os detalhes.
* Aqueles arbustos simbólicos de porcelana que o homem criou em algum ponto entre a Idade da Pedra e o pós-modernismo para servir de alvo quando vai despejar água da bexiga.
quinta-feira, 1 de março de 2007
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